Curiosidades Quarta-Feira, 30 de Outubro de 2024, 12h:00 | Atualizado:

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Saiba o que a Meta quer com "circulo azul da IA" no WhatsApp

Empresa garimpa dados dos usuários em todas as suas plataformas

UOL

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meta -IA

 

O brasileiro viu seu WhatsApp ser invadido pelo "círculo azul da IA", que é a representação visual da Meta IA, em aplicativos como Instagram e Facebook. Para além de buscar informações na internet e criar imagens —nem sempre correspondentes às orientações, haja visto o Homem-Aranha plantando bananeira e o Batman da capoeira—, o assistente pessoal é a aposta da companhia de Mark Zuckerberg para atingir ao menos quatro grandes objetivos, segundo mostram documentos da própria empresa e a análise de especialistas em tecnologia ouvidos pelo UOL.

1) Mais dados sobre você

"Quando começa a colocar IA em praticamente qualquer coisa, a Meta pode ter acesso à imaginação criativa das pessoas", diz Alex Winetzki, Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento Global da Stefanini e CEO da Woopi.

A empresa já garimpa dados dos usuários em todas as suas plataformas. Mas há detalhes que as pessoas só revelam em uma conversa. É nisso que a Meta está apostando. Nisso e no fato de a IA lembrar do que for dito a ela para usar em oportunidades futuras.

"Quando você interage com um personagem de IA no bate-papo, ele salva detalhes sobre você e o contexto da conversa para continuá-la. Por exemplo, se você disser ao personagem que gosta de comida italiana, ele poderá salvar esse detalhe. Dessa forma, se mais tarde você perguntar sobre restaurantes de que talvez goste em Nova York, ele recomendará restaurantes italianos", diz a Meta, em documento sobre o uso legal da Meta IA.

Se bater aquela curiosidade para saber o que o robô lembra de você, não precisa nem perguntar. Basta digitar "/saved-details" no chat para ele abrir o jogo."magina que agora a Meta vai saber quais são os seus interesses do ponto de vista de criação de receita gastronômica, de imagens e de praticamente tudo o que consegue fazer numa plataforma. Esse algoritmo de intensa compreensão da sua mente fica muito mais rico. Agora não é mais o diálogo um a um, mas um diálogo seu com a sua imaginação", diz Alex Winetzki.

E, se você está se perguntando como a Meta fará isso se as mensagens no WhatsApp são criptografadas, aí vai um detalhe: toda interação com a Meta IA não é protegida por essa camada de segurança. E isso nos leva ao segundo objetivo da empresa.

2) Agora, você é 'coach de IA' da Meta

A Meta não só pode como admite que vai dar aquela espiadinha no que você pedir à Meta IA. É bem verdade que ela vai fazer isso para detectar se as pessoas estão usando a IA para infringir a lei, os termos de uso do serviço ou os padrões de comunidade. Além disso, ela vai olhar as mensagens enviadas à IA para melhorar os próprios serviços e recursos e para rodar pesquisas.

 

Como WhatsApp, Instagram e Facebook possuem cada um mais de 2 bilhões de usuários, a Meta criou o maior laboratório de treinamento de IA do mundo. De quebra, a empresa contorna um dos maiores gargalos enfrentados atualmente pelas grandes potências da IA na hora de aprimorar seus modelos.

"A quantidade de dados para treinamento que podem existir no mundo está exaurida, dado que todo mundo já fez uma varredura da internet. Também começa a ter cada vez mais restrições, principalmente por parte dos grandes geradores de conteúdo. Mesmo OpenAI, Google e Microsoft têm dificuldade de conseguir maior volume de dados. A Meta, com 2 bilhões de usuários diariamente criando interações extremamente humanas, vai poder buscar textos, interlocuções, gírias, coisas difíceis de encontrar", comenta Alex Winetzki.

Se você acha que está trabalhando de graça, acertou. Até suas mensagens descompromissadas poderão dar uma mãozinha à empresa de Zuckerberg. "Vamos supor que você dá um comando, a IA erra e você dá um feedback: 'Você não deveria ter feito isso'. Esses dados podem ser usados para deixar o sistema mais eficiente. Tem uma relação em que a empresa ganha com a interação que é pautada pelo uso da IA", explica João Victor Archegas, coordenador do ITS-Rio (Instituto Tecnologia e Sociedade).

É possível, porém, pedir para a Meta não usar seus dados para treinar a IA. Não ache, porém, que vai ser fácil. É preciso preencher esse formulário para conseguir. É bom lembrar que a Meta IA é abastecida pelo Llhama 3.2, o grande modelo de linguagem da Meta. Além de brigar em pé de igualdade com os de outras empresas, ele apresenta o diferencial de adotar uma modalidade de código aberto. Ou seja, enquanto Google e OpenAI cobram pelo acesso a seus modelos, a Meta o fornece de graça.

3) Fazer a IA pop

 

A OpenAI deixou o mundo boquiaberto com o ChatGPT, que atualmente possui 200 milhões de usuários. Amplamente populares, todas as plataformas da Meta possuem dez vezes essa quantidade de usuários. E, diferentemente do ChatGPT, que é acessado para ações pontuais, as pessoas recorrem a Instagram e WhatsApp para atividades cotidianas, já que os serviços viraram ferramentas de trabalho e os principais meios de contato para quaisquer interações pessoais.

"Qualquer tecnologia só tem valor quando ela chega às plataformas que as pessoas usam. Ninguém tem tanta paciência pra baixar o Copilot [da Microsoft], o Gemini [do Google] ou algum aplicativo da OpenAI", Alex Winetzki.

Não à toa, a própria Microsoft criou dentro do WhatsApp uma conta para o Copilot, o assistente pessoal para fazer a IA decolar no Windows. "É uma questão de você acostumar o consumidor com IA e fazê-lo encontrar usos para ela no dia-a-dia. É fazer ele implementar essas soluções tecnológicas em momentos da vida em que não imaginava. Quando isso vira cotidiano, contribui para a oferta de mais bens e serviços baseados em IA", pontua João Victor Archegas. 

4) Muitos mais minutos da sua atenção

 

Muitas pessoas já não saem de WhatsApp e Instagram para nada. Recebem por lá notícias, fake news, vídeos, imagens etc. A chegada a esses serviços de uma ferramenta capaz de vasculhar a internet em busca de informações para satisfazer um pedido tem o poder de manter os usuários ainda mais vidrados.

Até agora, as redes sociais têm mantido as pessoas cativas por meio do conteúdo gerado por outros usuários. A chamada "economia da atenção" tem sido sustentado por essa lógica: as empresas vendem espaço publicitário construído graças à produção de material por parte de usuários que não pagam para estar ali senão com seu tempo.

Com a IA, a Meta cria uma máquina competente em depositar nas caixas de mensagens de usuários um conteúdo aparentemente personalizado a partir de tudo que a humanidade já produziu. E repetir isso quantas vezes de novo. E de novo.

"O que a Meta quer sempre é que você permaneça mais tempo possível nas plataformas. A partir do momento que você tem o tempo do usuário, inventa alternativas de como usar esse tempo. E a Meta foi bastante hábil em conseguir construir isso no Facebook e no Instagram", pondera Alex Winetzki.

Faltava algo assim no WhatsApp.





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Comentários (1)

  • LAURO o

    Quarta-Feira, 30 de Outubro de 2024, 18h39
  • O brasileiro médio mal sabe ler e escrever o idioma pátrio. Entender outros idiomas está fora de questão. Por isso o caso do homem-aranha teve tanta repercussão. "Plantar bananeira" é uma expressão que só faz sentido no Brasil. Em inglês se diria que "upside down". A lamentar, que todos os reporteres que trataram do assunto também desconhecem o assunto e criticaram a IA...
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