Filha de barão do agro expõe armação e briga por herança em MT: "Quero o que é meu”

 

O Domingo Espetacular, da RecordTV, levou ao ar uma reportagem sobre a empresária Carina Maggi, filha do ex-produtor André Maggi, fundador do grupo Amaggi. Ela esta envolvida numa disputa pela herança do produtor, avaliada em R$ 35 bilhões, com a viúva do pai e seus irmãos – incluindo o ex-governador Blairo Maggi, inventariante dos bens.

Em reportagem do último domingo (25), o programa contou parte da história de Carina Maggi, que também já foi narrada numa matéria do FOLHAMAX. Ela se diz vítima de uma “armação” do clã Maggi na ocasião da morte do patriarca, que teria ocultado os bens, avaliados em R$ 400 milhões em 2001 (quando André Maggi faleceu).

Carina recebeu R$ 1,9 milhão com a promessa de “abrir mão” do restante da herança. Ela contou na reportagem que teria sido coagida. “Na verdade eu não sabia a real situação dos valores. A família fingia que não sabia que eu existia”, disse ela.

A matéria do Domingo Espetacular conta que André Maggi teve um relacionamento com a mãe de Carina no município de São Miguel do Iguaçu (PR), onde o grupo iniciou suas atividades. O patriarca tinha 50 anos idade quando engravidou a mulher duas vezes, ainda adolescente, aos 15 anos, e a teria obrigado a realizar um aborto do primeiro filho.

Quando engravidou pela segunda vez, a mãe de Carina levou a gestação adiante apesar de supostas ameaças de André Maggi para realizar um novo aborto. A família trabalhava para o agricultor numa propriedade rural.

Depois do nascimento, entretanto, Maggi teria “aceitado” a filha fora do casamento. “Ele queria que eu fosse tirar de novo. Ele disse que se eu não tirasse eu ia sofrer. Mas eu preferi sofrer. Mas logo que a menina nasceu ele veio ver a menina e viu que era a cara dele. Era puro ele”, disse a mãe.

Nem o grupo Amaggi, ou a família do ex-produtor, se manifestaram na reportagem. Carina conta ainda que sua exclusão da herança não era desejo do seu pai. "Meu pai me disse: 'minha filha, o dia que eu morrer, você vai atrás do que é teu. Lute pelo que é teu'", revelou ela à reportagem.

DECISÃO

A juíza da 4ª Vara Cível de Cuiabá, Vandymara Paiva Zanolo, negou um recurso de Carina Maggi Martins em decisão do dia 18 de maio de 2023. No recurso, ela reclama que uma decisão anterior do processo, que negou o seu pedido de acesso a documentos e ao imposto de renda da família Maggi, não foi clara.

“A embargante alega que a sentença que julgou extinta a ação de produção antecipada de provas é obscura, na medida em que ela não poderia analisar o mérito da futura demanda. Também afirma que a extinção da ação foi omissa, já que os requeridos/interessados não foram citados e somente uma das correqueridas compareceu espontaneamente no processo”, diz trecho do recurso.

Em sua avaliação, a juíza Vandymara Paiva Zanolo entendeu que Carina Maggi pretende, na verdade, realizar uma “verdadeira devassa”, com o objetivo de “forçar um novo acordo”. No passado, os “filhos oficiais” de André Maggi pagaram R$ 1,9 milhão à irmã para excluí-la da condição de herdeira do clã.

“Aparentemente a embargante pretende munir-se de diversos documentos dos requeridos, seus familiares e empresas etc., para propositura de nova ação ou para forçar um novo acordo entre as partes. Ainda, ante a natureza dos documentos solicitados, sigilosos, inclusive, a autora pretende exercer verdadeira fiscalização e devassa sobre a atividade empresarial dos requeridos, tudo sob o argumento de que foi enganada pelos demais herdeiros quanto ao real patrimônio do seu falecido genitor”, analisou a juíza.

Entre os argumentos da filha de André Maggi para declarar nulo o acordo de R$ 1,9 milhão estão transferências suspeitas dos bens do patriarca pouco antes de sua morte, além de assinaturas que não seriam compatíveis com a doença sofrida pelo ex-produtor. Maggi tinha “Mal de Parkinson”.