Na reta final da colheita de milho, produtores sofrem com focos de incêndio nas propriedades. O fogo avança centenas de hectares plantados. Para não perder a produtividade, estimam que serão necessários investimentos de cerca de R$ 800/hectare para recuperar o solo. Ainda assim, a produção tende a cair até uma tonelada/hectare nos próximos 5 anos. Na região médio-norte, por exemplo, onde foram registrados focos de incêndio em julho e agosto, não chove há cerca de 4 meses. Os incêndios foram registrados nos municípios de Campo Novo do Parecis, Campo Verde e Sorriso, onde estão algumas das maiores áreas de produção agrícola no Estado.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam o registro de 4,906 mil focos de queimadas em Mato Grosso apenas em agosto, 85% a mais que no mesmo mês de 2018 (2,650 mil). No acumulado do ano são 13,682 mil focos, contra 8,849 mil do mesmo período do ano anterior, alta de 54%. A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) não tem dados de quantas propriedades ou hectares foram atingidos pelas queimadas, mas informa que há muitos relatos de produtores.
O período proibitivo de queimadas começou em 15 de julho e segue até o dia 15 de setembro. Prevê a restrição do uso de fogo em limpeza e manejo de áreas rurais. Uma Campanha de Prevenção de Incêndios em Área Rural é realizada anualmente pela Aprosoja/MT, em parceria com o Corpo de Bombeiros em municípios agrícolas. Mas, os produtores nem sempre conseguem controlar as queimadas que chegam às propriedades.
A cidade de Sorriso (a 420 km ao norte) é uma das atingidas por queimadas nos dois últimos meses. O produtor Eloi Bedin, que planta 1,9 mil hectares teve cerca de 170 hectares atingidos pela queimada em julho e agosto. Segundo ele, as duas ocorrências começaram às margens das rodovias, primeiro na MT-404 em julho e depois na BR-163 em agosto. A sorte, diz ele, é que a colheita de milho já estava finalizada naquela área.
“Já tivemos perdas em outras ocasiões e a produtividade chega a cair de 700 a mil quilos por hectare em 5 anos de recuperação do solo. É necessário fazer investimento grande para evitar perda de produção, como aplicação de cama de frango (de aviário) e repor calcário, em cerca de 1,5 tonelada por hectare”, calcula. Os investimentos somam cerca de R$ 800/ha para o manejo do solo.
João Sichieri Junior perdeu de 50 a 70 hectares (até 30%) do total da área que arrenda, de 240 (ha) em Sorriso. O fogo veio das margens da BR-163 e se espalhou pela fazenda em pleno Dia dos Pais, último 11 de agosto. “Começou próximo a BR-163 e nos deslocamos com trator para contê-lo. Vamos ter que comprar árvores para repor a área atingida de uma cabeceira de nascente”, relata. “Ficamos tristes com o acontecido, mas o clima é muito favorável às queimadas nessa época do ano”.