Economia Terça-Feira, 03 de Setembro de 2024, 16h:20 | Atualizado:

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DESASTRE

Índios denunciam usina por destruir rio e exigem R$ 40 milhões em MT

Itamarati produz etanol em Barra do Bugres

Da Redação

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Os indígenas da etnia Umutina estão cobrando uma indenização de R$ 40 milhões por danos ambientais, culturais e morais causados pelo derramamento de vinhaça no Rio Bugres, que atravessa suas terras. O desastre ambiental, ocorrido em 2007, devastou a Terra Indígena Umutina, que conta com 480 moradores, e comprometeu a subsistência de centenas de indígenas.

A última audiência, realizada no dia 16 de agosto e mediada pelo Ministério Público Federal, terminou sem acordo após a usina Itamarati propôs um valor de R$ 2 milhões, ou seja, 10 vezes menos do que a comunidade está reivindicando e os indígenas não aceitaram. A vinhaça, resíduo gerado pela produção de etanol durante a destilação do álcool, foi derramada no Rio Bugres, resultando na morte de peixes e na degradação da qualidade da água, impactando a saúde e o bem-estar cultural da comunidade indígena, que até hoje enfrentam as consequências desse evento.

- Não podemos mais pescar como antes. Perdemos nossa fonte de alimentação e renda, mas também perdemos parte de nossa cultura - , declarou o presidente da Associação Indígena Balatiponé, Filadelfo de Oliveira Neto. Segundo ele, a pesca, além de ser um meio de subsistência, é uma atividade cultural muito importante para os indígenas, e sua interrupção representou uma perda devastadora tanto financeira quanto cultural para a comunidade.

Em 2022, uma perícia encomendada pelo MPF apontou danos antropológicos aos indígenas, já que muitas famílias tiveram que deixar suas casas e a área onde está o cemitério após o vazamento de resíduos. O cacique Cacildo Amajunepá relatou que sua família foi obrigada a se mudar devido à contaminação do rio. –A água ficou contaminada, e tivemos que criar outra aldeia, longe do nosso lugar original. As perdas foram muitas, tanto materiais quanto culturais –, lamentou.

Os principais danos alegados pelos indígenas são:

- Interrupção da pesca, resultando em dois anos sem atividade e uma queda de 75% no volume pescado após a retomada, e na mudança do ciclo da vida

- Escassez de alimentos, já que o pescado é a principal fonte de proteína dos Umutina

- Perda de renda para mais de 90% da população, forçando muitos a buscarem trabalho fora da aldeia em atividades que desrespeitam sua cultura

- A contaminação da água causou deformações nos peixes e trouxe insetos que invadiram hortas, comprometendo a alimentação

- Suspensão da tradicional Festa do Timbó, que tem como parte principal a pesca, por dois anos

- Divisão da aldeia após a migração forçada de famílias, dividindo a aldeia e a perda de benfeitorias e equipamentos

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A advogada Cássia Souza Lourenço, que representa a Associação Indígena, explicou que o valor proposto pela usina se refere apenas aos danos ambientais, sem considerar os prejuízos morais e materiais sofridos pela comunidade.

Os impactos devastadores incluem a perda de peixes, a deterioração da água, o surgimento de doenças e a desintegração cultural. A reparação ambiental foi avaliada em R$ 2 milhões, mas defendemos R$ 10 mil por danos morais para cada família e R$ 22,3 milhões por danos materiais – disse. 

A sensação é de mendicância, segundo o cacique Paulo Monzilar. – Já se passaram mais de 17 anos desde que a empresa causou esse dano, e até hoje não houve reparação. Me sinto como se estivesse mendigando para a empresa -.

Mesmo o valor de indenização solicitado será incapaz de compensar os danos causados ao povo Umutina, conforme destacou Luciano Ariabo Kezo, indígena da etnia, escritor e ex-integrante da comissão brasileira no Fórum Permanente sobre Questões Indígenas da ONU. – A indenização material jamais compensará os prejuízos culturais e morais que nosso povo sofre até hoje –, criticou Luciano.

Hélio Monzilar avaliou que a oferta de R$ 2 milhões mostra o quanto a empresa subestima o conhecimento e os direitos dos indígenas. – A UISA propôs apenas R$ 2 milhões de indenização porque pensa que não conhecemos a Constituição Federal. Queremos uma indenização justa para o nosso povo. Índio tem alma sim –, declarou Hélio.

Sob a intermediação do procurador federal Ricardo Pael, novas reuniões devem ser agendadas para tentar chegar a um acordo.





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Comentários (2)

  • Antônio

    Quarta-Feira, 04 de Setembro de 2024, 06h56
  • Dá um corotinho e uma porção de maconha para cada indígena que está resolvido... Ou então leva um foice e uma enxada que eles caçam outra área....
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  • Marcos

    Terça-Feira, 03 de Setembro de 2024, 17h56
  • Alguém por trás desses índios. Esses valores astronômicos tem algum interesse por trás, alguém que não seja indigina com interesse na causa
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