A juíza da 1ª Vara Federal de Campinas, Raquel Coelho Dal Rio Silveira, suspendeu a proibição de sair do país dos investigados na operação “Hermes”, que revelou um suposto esquema bilionário de contrabando de mercúrio no país para produção de ouro clandestino. Um dos beneficiados é Valdinei Mauro De Souza, conhecido como o “Nei do Garimpo”.
O empresáiro ingressou com uma petição para que a Justiça o autorizasse a viajar entre os dias 7 e 20 de julho de 2025. Em decisão publicada nesta quinta-feira (3), a magistrada não só autorizou a saída de Nei do Brasil, bem como estendeu a todos os outros investigados o benefício de deixar o Brasil sem a necessidade de comunicação ao Poder Judiciário.
“Autorizo a viagem nos termos requeridos, bem como revogo a medida cautelar pessoal consistente na proibição de deixar o país sem a autorização deste Juízo a todos os investigados a ela submetidas”, determinou a magistrada. A proibição de mudança de endereço sem autorização judicial, porém, permanece contra os indiciados.
A magistrada federal também deu 10 dias para a Polícia Federal informar o estado atual dos inquéritos instaurados para investigar as fraudes “ante o longo lapso temporal desde a efetivação das medidas cautelares”. De acordo com as investigações, Arnoldo Silva Veggi, do Grupo Veggi, seria o responsável por introduzir de forma ilegal mais de 7 toneladas de mercúrio em sistemas de controle do Ibama.
A Polícia Federal revelou que os crimes em apuração estão relacionados ao contrabando e acobertamento de mercúrio, que tem por destino final o abastecimento de garimpos em áreas que compõem a Amazônia (Amazonas, Mato Grosso, Rondônia, Roraima e Pará). A quadrilha agia por meio de laranjas na comercialização do mercúrio, utilizava empresas de fachada, negociava imóveis a preços artificiais para lavagem de dinheiro, além de “escoar” o produto químico por meio do aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP).
Na segunda fase da operação Hermes - HG, deflagrada em novembro de 2023, Mato Grosso levou o “troféu” de maior quantidade de alvos e diligências realizadas, com o cumprimento de 29 mandados - 15 só em Cuiabá. Empresários e “políticos famosos”, que construíram sua fortuna por meio do garimpo no Estado, são investigados pela Polícia Federal.