Leilão de bens de quadrilha da soja com areia "exclui" carrões de luxo

 

O juiz da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Jean Garcia de Freitas Bezerra, determinou a realização de um leilão de uma Honda CB 1000r e 99 cabeças de gado. Os bens fazem parte do patrimônio do Estado e são decorrentes de apreensões realizadas contra os condenados da Operação Grãos de Areia, que desbaratou uma quadrilha que desviava cargas de commodities (soja, farelo etc), trocando-as por areia.

O despacho do juiz, publicado na última quarta-feira (6), chama a atenção, no entanto, pelo fato de apenas a motocicleta e as cabeças de gado terem sido mandados à leilão. Numa decisão do dia 8 de julho de 2025, o juiz relatou uma série de outros bens que também foram declarados como patrimônio do Estado com as condenações da Operação Grãos de Areia.

A lista completa trazia duas caminhonetes Toyota Hilux, uma caminhonete Chevrolet S10, uma Toyota SW4, dois Toyota Corolla, um Fiat Mob, além da CB 1000r e as cabeças de gado. Na ocasião, o magistrado solicitou informações às autoridades policiais e ao Ministério Público do Estado (MPMT) para prosseguir com à alienação dos bens.

“Antes de dar prosseguimento à avaliação dos bens, determino a intimação conjunta da autoridade policial e do Ministério Público para especificar se os bens acima se encontram acautelados, delineando o n° dos respectivos procedimentos onde o acautelamento foi autorizado, uma vez que tal providência pode eventualmente obstar a alienação antecipada”, determinou o magistrado na decisão de julho de 2025.

No presente despacho, entretanto, somente a motocicleta e o gado tiveram autorizado seu leilão antecipado. Não há explicações sobre o paradeiro das caminhonetes ou pelo menos o motivo dos bens não terem sido habilitados à alienação.

“Os únicos itens sujeitos à alienação antecipada são o veículo n° 6 (motocicleta Honda CB 1000r) e os 99 semoventes. Assim, com vistas ao prosseguimento do incidente exclusivamente com relação aos bens supracitados, intime-se a comissão permanente de avaliação e alienação de bens, vinculada à SESP-MT para promover os atos necessários para arrecadação, avaliação, classificação, formação de lotes e alienação dos bens, para ulterior depósito em juízo, vinculado a estes autos”, determinou o magistrado.

O processo é derivado da Operação Grãos de Areia que identificou uma quadrilha em Mato Grosso especializada na “troca” de cargas de commodities por areia, que teriam movimentado R$ 22,5 milhões com os crimes.

As investigações da Polícia Judiciária Civil (PJC) revelam que o bando era formado por proprietários de empresas de transporte e logística, além de comerciantes de commodities do agronegócio – soja, farelo etc -, bem como funcionários da empresa de transporte e logística Rumo.

Segundo a PJC, as cargas de commodities eram transportadas em caminhões e descarregadas na empresa Rumo, em Rondonópolis (216 Km de Cuiabá), no início do ano de 2021. Funcionários da organização foram cooptados pela quadrilha para “facilitar” o recebimento e validação das cargas que já tinham sido substituídas por outros produtos, entre eles areia.

As forças de segurança realizaram apreensões de maquinários pesados, cavalos mecânicos, reboques, carros de luxo, caminhonetes, motos de 1.000 CC, e até barcos, dos membros da organização criminosa.