O Ministério Público de Mato Grosso (MP-MT) prorrogou por quatro meses a investigação relativa a um inquérito que apura uma suposta transferência ilegal de armas promovida pelo empresário Luiz Alberto Madruga Vargas. Ele é proprietário de uma fazenda em Aripuanã e um dos sócios na empresa Emplan Mineração.
De acordo com um boletim de ocorrência registrado em junho de 2023, policiais militares abordaram Adelmir Pereira da Silva, que conduzia à ocasião um Fiat Argo que não obedeceu a ordem de parada. Os agentes perseguiram o veículo, mas o perderam de vista por conta da estrada de chão e a poeira no local.
Posteriormente, um homem disse ter visto o carro e o suspeito, relatando que Adelmir havia deixado uma sacola em um curral. Os militares então foram até o local indicado e encontraram uma espingarda, uma pistola, seis munições de calibre 12, oito munições de calibre 9mm, cinco munições de calibre 38, uma munição de calibre .40, além de 14 munições de calibre .380.
A pistola encontrada com o suspeito estava carregada com oito munições e adaptada com seletor de disparos de modo rajada. Na ocasião, Adelmir relatou que estava retirando o armento do garimpo a pedido de Luiz Alberto Madruga Vargas, sócio da Emplan Mineração, pois no dia seguinte viria um avião até a cidade de Aripuanã para buscá-las e que havia deixado no sítio por receio de ser abordado.
O Ministério Público aponta, nos autos, que este tipo de adaptador torna a arma “extremamente letal e de uso proibido”. Por conta da prorrogação, o órgão terá até o início de agosto para concluir as investigações, já que a solicitação para ampliação do prazo foi autorizada no dia 5 de abril.
OURO ILEGAL
Em junho de 2022, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou 13 pessoas envolvidas na comercialização de ouro extraído ilegalmente de garimpos na Amazônia e exportado para a Itália. Os crimes praticados foram de organização criminosa, receptação qualificada, extração, transporte,comercialização de ouro sem título minerário e sem licenciamento ambiental, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
Segunda a denúncia, a organização criminosa era liderada por Bruno Cezar Cecchini, composta ainda por Luiz Alberto Madruga Vargas, Julia Leao Cecchini, Bruna Layane Carvalho Cecchini, Adriano Aguiar de Castro, José Celso Rodrigues Silva, Creudevaldo Birtche, Willian Ribeiro, Wilson Ribeiro Filho, além dos italianos Giacomo Dogi e Mauro Dogi. Por meio da empresa RJR Minas Export Ltda, o grupo comprava ouro ilícito, proveniente de garimpos ilegais no sul do Pará e no norte do Mato Grosso.
O metal era adquirido de garimpeiros ilegais. Para camuflar a origem ilícita do ouro, a organização criminosa indicava que a lavra teria ocorrido na área do título minerário regular, localizado no município de Colniza, pertencente à empresa New Stone Mineração Ltda, o que se provou falso. Peritos foram ao local e confirmaram que lavra estava inativa.
Posteriormente, o ouro era revendido para a empresa CHM do Brasil Metais Ltda, de propriedade e administração dos italianos Giacomo Dogi e Mauro Dogi, que o exportava para a Itália como se fosse lícito. Para se ter uma ideia do tamanho do esquema criminoso, só no ano de 2019, a organização criminosa comercializou mais de 1,5 tonelada de ouro usurpado da União, cujo valor seria, de acordo com a cotação atual, superior R$ 440 milhões.
O esquema criminoso foi desmantelado com a prisão, em junho de 2019, de dois funcionários da empresa RJR Minas Export Ltda. Eles foram flagrados no Aeroporto de Goiânia transportando mais de 110 quilos de ouro com notas fiscais falsas, escondidos em compartimento abaixo dos bancos de uma aeronave.