As investigações da Polícia Federal que culminaram na deflagração da segunda fase da Operação Hermes mostraram que Arnoldo Veggi, apontado como um dos líderes da organização criminosa, chegou a ser apelidado como “Dodo Escobar” por um dos financiadores do esquema de venda de mercúrio ilegal. Os apontamentos foram revelados na decisão da juíza Raquel Coelho Dal Rio Silveira, da Primeira Vara Federal de Campinas, que autorizou a ação da Polícia Federal, nesta quarta-feira (8).
De acordo com a decisão, Willian Leite Rondon era um dos financiadores da organização e se tornou, posteriormente, sócio de Arnoldo Veggi. Ele teria procurado a Polícia Federal em Campinas, espontaneamente, para explicar sua participação no esquema criminoso.
Ele foi um dos alvos de busca e apreensão da operação, nesta quarta-feira, e prestou depoimento em fevereiro deste ano. Na ocasião, ele apontou que sempre soube que Arnoldo Veggi vendia mercúrio e que passou a emprestar dinheiro para o então parceiro comercial em maio de 2022.
Ainda segundo Willian Leite Rondon, o líder da organização criminosa seria desorganizado, o que fez com que tivesse que criar uma planilha, finalizando seu depoimento revelando que foi enganado por Veggi. Segundo a Polícia Federal, Willian foi adquirindo uma importância maior no contexto da organização criminosa, passando a ocupar o lugar de verdadeiro sócio na administração da logística, financiamento e contabilidade da organização criminosa.
Por conta disso, Veggi informou a ele quem eram seus principais compradores e fornecedores, revelando também as formas de trazer o mercúrio ilegal importado de outros países para o Brasil e que chegou a chamá-lo de ‘Dodô Escobar’. “Em outro diálogo entre Arnoldo e Willian, aquele informa que tinha acabado de chegar um pote de mercúrio da China, mostrando espanto porque a mulher declarou: veio com fatura e tudo mais, não parou em lugar nenhum dando ensejo a que Willian o chamasse de Dodô Escobar, em alusão ao narcotraficante colombiano Pablo Escobar. Consoante autoridade policial, Willian tinha total ciência das práticas ilícitas de Arnoldo com relação ao comércio de mercúrio clandestino dentro do território nacional e, através da empresa W.R. Engenharia, teria recebido R$ 904.999,00 como pagamento e lucro de seus investimentos”, aponta a decisão.
MERCÚRIO BOLIVIANO
A Polícia Federal também detalhou a atuação de Ali Veggi Atala, pai de Arnoldo e dono da Quimmerx, exportadora de mercúrio com sede na Bolívia. Durante os mandados de busca e apreensão na primeira fase da Operação Hermes, foram encontrados 56 tonéis do produto na casa dele, com capacidade de 34,5 quilos do metal em cada recipiente.
Segundo a autoridade policial, Ali Veggi Atala atuava na coordenação da introdução de grande quantidade de mercúrio ilegal no Brasil pela fronteira com a Bolívia, tendo inclusive instruído Arnoldo Veggi a adaptar veículos para trazer o mercúrio escondido, mencionando que seu motorista poderia levar uma ‘carretinha’ com o produto a cada dois ou três dias.
Foi citado ainda um vídeo, enviado por Arnoldo a seu pai, em que uma pessoa injeta mercúrio dentro de um martelo e, na sequência, mostra um comprovante da DHL (transportadora) informando que o material saiu da Cidade do México com destino à Santa Cruz, na Bolívia. A representação aponta ainda que Ali conseguiu um alvará em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, para que a Quimmerx pudesse funcionar, mediante o pagamento de propina de 1800 bolivianos (moeda local) a um funcionário do governo daquele país. “Em suas conclusões, a autoridade policial afirma que Ali Veggi Atala é importante integrante da organização criminosa, seja por passar conhecimentos técnicos, seja na parte operacional. Estaria diretamente envolvido na parte comercial envolvendo Brasil, Bolívia e México e novas rotas clandestinas; participaria diretamente da realização de "mocós" nos veículos e, do que apurado nas movimentações bancárias, foi constante beneficiário das empresas investigadas”, apontam os autos do esquema que teria gerado prejuízo de R$ 5 bilhões a União.
INVESTIGADOS
Thiago Mendonça de Campos
Jeferson Dias Castedo
Willian Leite Rondon
Valdinei Mauro de Souza
Ronny Morais Costa
Filadelfo dos Reis Dias
Marcio Macedo Sobrinho
Marcelo Massaru
Euler Oliveira Coelho
Luis Antônio Taveira Mendes
Antônio Jorge Silva
José Ribamar Silva Oliveira
Darcy Winter,
José Carlos Morelli
ALVOS DE BUSCA
MATO GROSSO
Thiago Mendonça Campos
Taíssa Mafessoni
Willian Leite Rondon
Brenner Ramos Dias
Jenner Barcelos da Silveira
Jeferson Dias Castedo
Guilherme Motta Soares
Juliano Garutti de Oliveira
Marcus Vinicius Taques Arruda
Marllon Darllam Silva de Almeida
Moises Braz de Proença Junior
Edemil Antônio de Pinho
Rodrigo Castrillon Lara Veiga
RONDÔNIA
Jenner Barcelo da Silveia
Jesus Max Zoboli
EMPRESAS
Cooperativa de Pequenos Mineradores de Alta Floresta (Cooperalfa)
Kin Mineração
Mineração Aricá
Vale Gold Ltds
Salinas Gold Mineração
Multi Mineração
Euromáquinas Mineração
Comercial Santarém
Cooperativa de Garimpeiros do Vale do Rio Peixoto (Coogavepe)
Aços Mendonça
Avante Mineração
Mineradora Barros
Multi Comércio e Representações para Mineração
Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Pontes e Lacerda
Tucan Mineração e Participações
Zocar Rio Caminhões
Grupo Dias Investimentos e Participações
Leonardo Silva
Quinta-Feira, 09 de Novembro de 2023, 21h57Dionisio Alcântara
Quinta-Feira, 09 de Novembro de 2023, 14h24GeraçãoZ
Quinta-Feira, 09 de Novembro de 2023, 11h00Lud
Quinta-Feira, 09 de Novembro de 2023, 09h25Luiz
Quinta-Feira, 09 de Novembro de 2023, 09h08