Economia Sexta-Feira, 16 de Maio de 2025, 16h:05 | Atualizado:

Sexta-Feira, 16 de Maio de 2025, 16h:05 | Atualizado:

BARRIL VAZIO 3

Réus usaram RG de mulher morta para fraudar empresa de combustíveis em MT

Esquema possui potencial lesivo de R$ 500 milhões ao erário

BRENDA CLOSS
Da Redação

Compartilhar

WhatsApp Facebook google plus

BARRIL VAZIO

 

Um esquema milionário de fraudes na NEOVG Derivados de Petróleo S/A (antiga EGCEL) incluiu um detalhe inusitado: os investigados usaram o nome de uma mulher morta desde 1969 para forjar documentos e inflar o capital social da empresa. A revelação consta na denúncia do Ministério Público de Mato Grosso (MP-MT), que detalha como o grupo criminoso criou uma identidade falsa para justificar a "compra" de três fazendas que nunca existiram legalmente e que serviram de base para fraudes tributárias e lavagem de dinheiro.

Conforme a Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz), o esquema desmantelado na operação possui um potencial lesivo ao erário mato-grossense superior a R$ 500 milhões por ano. As investigações mostram que, em 2001, os envolvidos registraram em cartório procurações falsas em nome de "Genny Ferreira Milan" – uma versão adulterada do nome da verdadeira Geny Ferreira Milan, que morreu em Dourados (MS) em 3 de janeiro de 1969.

A fraude começou com um erro proposital: os criminosos adicionaram um "N" extra ao nome da falecida ("Genny" em vez de "Geny") e forjaram um RG e um CPF inexistentes para ela. Documentos falsificados deram poderes a Adílson Cardoso Silva, que "vendeu" as terras para Egnomar de Freitas Tiago, um dos líderes do esquema.

As fazendas ("Juliana", "Juliana II" e "São Sebastião") nunca pertenceram à família Milan, segundo depoimento do filho da verdadeira Geny, Gelton Rosemar Ferreira Milan. Ele confirmou que sua mãe não tinha terras em MT desde os anos 1960. Em depoimento ao MP-MT, ele afirmou que sua mãe jamais poderia ter assinado os documentos usados no esquema.

Os registros do Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat) confirmam que as áreas em nome da família Milan foram vendidas antes da morte de Geny. Em 2002, as propriedades fictícias foram usadas para integrar o capital social da EGCEL, empresa que hoje se chama NEOVG.

O esquema incluiu superfaturamento, por exemplo, as fazendas, avaliadas inicialmente em R$ 840 mil foram inflacionadas para R$ 13 milhões em laudos suspeitos. As terras supostamente ficavam em Chapada dos Guimarães, mas na verdade estavam em Nova Ubiratã – uma manobra para dificultar a fiscalização. Além disso, Egnomar repassou as terras para familiares (Estefânia Alves de Freitas, Otáide Trento Júnior e Egnaldo de Freitas Tiago), que viraram "donos" da EGCEL no papel.

“A análise dos autos revela que a suposta aquisição dessas áreas se deu por meio da utilização de documentos falsificados em nome de uma identidade fictícia, permitindo a simulação de escrituração pública de compra e venda de imóveis pertencentes a terceiros. Essa manobra fraudulenta foi utilizada para integralizar de forma ilícita o capital social da empresa EGCEL/NEOVG, conferindo-lhe aparência patrimonial espúria, sem qualquer lastro jurídico ou econômico legítimo”, constatou o promotor de Justiça Carlos Roberto Zarour Cesar.





Postar um novo comentário





Comentários

Comente esta notícia








Copyright © 2018 Folhamax - Mais que Notícias, Fatos - Telefone: (65) 3028-6068 - Todos os direitos reservados.
Logo Trinix Internet