Presidente do Mixto Esporte Clube, o polêmico Eder Moraes reagiu à decisão da Justiça do Trabalho que determinou o bloqueio de R$ 631,3 mil do clube com duras críticas contra a juíza Laiz Alcântara Pereira, do Núcleo de Conciliação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) que proferiu a decisão na última sexta-feira (9). Ele disse que a magistrada mostra despreparo ao mandar bloquear 100% da arrecadação de um jogo e afirma que os advogados do clube vão avaliar a possibilidade de representar a magistrada junto à Corregedoria do TRT e também no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Quanto à decisão que ele diz ser “inócua, arbitrária e esdrúxula”, o Mixto vai recorrer ao Tribunal.
Eder interpreta a ordem judicial como uma forma de pressão contra ele que assumiu a presidência do clube há 1 ano e 2 meses. “Não sou Deus, não sou o salvador da pátria para resolver os problemas do Mixto acumulados durante 80 anos em apenas 1 ano e 2 meses”, justifica ele. Destaca que a decisão mostra a insensibilidade da magistrada e está fora da realidade do futebol mato-grossense. “Ela está botando uma pá de cal no nosso futebol no momento em que alguns times começam a despontar e ganhar maior projeção”. Afirma ainda não existir tal valor nas contas do clube.
O bloqueio atinge também as contas da empresa Promoções, Eventos e Produções Ltda em R$ 535,5 mil e propriedade do empresário Mário Zeferino contratada pelo Mixto, para organizar a partida contra o Santos, ocorrida no dia 2 de abril válida pela Copa do Brasil. Uma decisão anterior determinava que os valores arrecadados deveriam ser depositados em sua totalidade numa conta judicial para pagamento de dívidas trabalhistas. Contudo, a medida não foi cumprida. Eder afirma que não assinou qualquer contrato com esse teor. “O que eu assinei juntamente com o Mario Zeferino e os advogados da empresa, foi um documento se comprometendo a depositar o valor líquido do jogo e cumpri”, afirma Moraes. O empresário Mário Zeferino também não concorda com os bloqueios da conta de sua empresa, pois afirma que não tem qualquer relação com as dívidas do clube. Seus advogados vão recorrer da decisão.
Eder explica que depois de pagar 2 folhas de pagamento do clube, algumas despesas e a empresa ficar com a parte dela, fez o depósito de cerca de R$ 49 mil na conta judicial, valor esse que ele entende como justo para ser destinado ao pagamento dos passivos trabalhistas. Ele disse que o Mixto deve hoje R$ 1,3 milhão em dívidas a ex-jogadores e ex-funcionários, mas descorda do valor. “Essa dívida está inchada de multas absurdas e correções. Pra mim, o valor justo seria algo em torno de R$ 350 mil para quitar tudo. Muitas decisões foram proferidas à revelia quando o Mixto estava sem diretoria há cerca de 10 anos”, contrapõe.
“Nossos advogados vão avaliar recorrer a CNJ e à Corregedoria do TRT porque essa juíza agiu com abuso de autoridade absoluto. Isso é pregar o calote, mandar bloquear 100% da arrecadação. É cobrir um santo e descobrir o outro. Ela quer que eu deixo de pagar os salários para pagar dívidas. Existem outros mecanismos para isso. Não adianta dar um tiro de escopeta na cabeça da galinha dos ovos de ouro”, disse ele usando matáforas. Em outras palavras,a Eder disse que não adianta bloquear toda a verba e deixar o Mixto impedindo de continuar em atividade resultando em novos atrasos salariais e sem qualquer valor para depositar na conta judicial. Para ele, o correto seria pedir bloqueios de 10% ou 20%, mas não toda a arrecadação bruta. “É preciso que os débitos sejam cobrados de forma justa”, enfatiza ele.
Por fim, Eder Moraes disse que a juíza Laiz Alcântara Pereira demonstra “inexperiência” e não sabe como funciona uma equipe de futebol. Isso porque, segundo Moraes, a magistrada tentou firmar um acordo para que fosse depositado o valor de pelo menos R$ 500 mil. Ele então explicou que se o Mixto perdesse não entraria todo esse valor para o clube e de qualquer forma, seria preciso antes pagar as despesas e os salários dos jogadores para depois ver o valor líquido que sobra. Por isso não assinou acordo sem comprometendo a depositar todo o valor arrecadado. “Essa decisão foi um duro golpe contra uma equipe de futebol e um desrespeito ao torcedor Mixtense”.