A Justiça de São Paulo condenou, nesta terça-feira, 20, Jonathan Messias Santos da Silva, torcedor do Flamengo acusado pela morte de Gabriella Anelli Marchiano, à época de 23 anos, em julho de 2023, antes de um jogo entre Palmeiras e o Rubro-Negro.
Na decisão, proferida pelo júri às 15h30 desta terça-feira, Jonathan foi condenado a 14 anos de prisão em regime inicialmente fechado. O flamenguista, servidor público concursado na Prefeitura do Rio de Janeiro, já cumpria prisão preventiva desde agosto de 2023.
O julgamento teve início na última segunda-feira, 19, no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo, foi suspenso à noite e retomado nesta terça-feira, quando foi encerrado.
Jonathan foi acusado pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) de homicídio doloso com dolo eventual -- quando se assume o risco de matar.
Para embasar o pedido de condenação, a promotoria apresentou um laudo em 3D, feito a partir de escaneamento do local do crime com um aparelho a laser, produzido pelo Instituto de Criminalística (IC) paulista. O recurso reproduziu virtualmente a confusão entre torcedores de Palmeiras e do Flamengo.
O MP-SP também exibiu imagens aéreas feitas com drone, que auxiliaram na delimitação com precisão da área reproduzida.
A perícia registrou, em vídeo, o trajeto da garrafa lançada. O objeto teria atravessado o portão que delimitava as torcidas e 'provocado um estampido'. Segundo o IC, as imagens reforçaram a hipótese de que Jonathan arremessou a garrafa que feriu Gabriella no pescoço e provocou a morte da torcedora.
No decorrer do processo, Jonathan sempre negou o crime. Ele atuava como diretor e professor de uma escola localizada na zona oeste do Rio de Janeiro, à época do crime. Cabe recurso à decisão.
O Terra tenta contato com a defesa de Jonathan Messias. O espaço segue aberto para manifestação.
Relembre o caso
O crime aconteceu no dia 9 de julho de 2023, quando o Flamengo visitou o Palmeiras no Allianz Parque, pelo Campeonato Brasileiro. Fora do estádio, torcedores se envolveram em uma grande confusão após flamenguistas se revoltarem por não conseguirem ingressos para a partida.
Houve intervenção policial, e o jogo chegou a parar duas vezes no primeiro tempo por conta do gás de pimenta, que se alastrou para dentro do campo; os jogadores se sentiram incomodados com o gás, e alguns torcedores também. A confusão acabou contida perto do fim do primeiro tempo.
O confronto se concentrou na rua Padre Antônio Tomas, perto dos portões C e D do estádio. Havia uma proteção de metal para separar os flamenguistas dos palmeirenses, mas ela não foi suficiente para evitar a morte da torcedora, e era muitas vezes aberta, dando brecha para que os torcedores arremessassem pedras e garrafas.
Vídeos mostram, de fato, a divisória de metal aberta para a passagem de uma viatura da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e palmeirenses e flamenguistas arremessando garrafas por entre esse vão e também por cima da proteção. As imagens evidenciam que havia pouco policiamento no momento da briga.
Somente uma viatura da GCM estava próxima, mas, segundo informou a PM ao Estadão, o policiamento na região do estádio e nas ruas adjacentes era realizado pelo 2º Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) no momento do incidente.
O corpo de Gabriella foi enterrado no dia 11 de julho, no cemitério Memorial Parque Paulista, em Embu das Artes, na região metropolitana de São Paulo. Torcedores da Mancha Alvi Verde e de outras organizadas homenagearam Gabriela com bandeirões, fogos e cantorias.
A pedido da família, o hino do Palmeiras foi cantado em uníssono antes de a palmeirense ser enterrada. Torcedores palmeirenses condenaram a falta de policiamento no local da briga.