Lula levanta bandeira do Brasil e critica apoiadores de Bolsonaro

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez críticas nesta sexta-feira (25) aos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante um discurso em Osasco, São Paulo. Lula citou parlamentares do Partido Liberal (PL) que, durante manifestação na Câmara dos Deputados nesta terça (22), ergueram uma bandeira com o nome do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (veja foto abaixo).

Em contraponto, Lula e seus apoiadores ergueram a bandeira do Brasil na cerimônia. "Nós temos políticos aqui no Brasil que tomaram para eles a bandeira nacional. Tomaram para eles a bandeira brasileira, a camisa da seleção brasileira e se diziam patriotas", afirmou Lula.

"Agora veja que absurdo, esses mesmos cidadãos ou cidadãs que utilizavam a camisa da seleção brasileira e a bandeira nacional se dizendo patriotas estão agora agarrados nas botas do presidente dos Estados Unidos pedido para ele fazer intervenção no Brasil", prosseguiu. Lula disse ainda ser "uma pena" a atitude dos parlamentares em defesa de Trump. "Não têm um pingo de vergonha", completou. 

Lula voltou a afirmar que se Trump telefonasse para ele para negociar as tarifas de 50% aos produtos brasileiros, ele explicaria a situação econômica do Brasil perante o país norte-americano.

Segundo Lula, seria o momento de esclarecer também a situação de Bolsonaro no julgamento do golpe de Estado no qual é réu.

Nesta quarta (23), Trump disse ter aplicado tarifa de 50% a países com os quais relação "não tem sido boa". A previsão é que a medida comece a valer em 1º de agosto. No evento desta sexta, contudo, o presidente brasileiro classificou como "respeitosa" a relação entre o Brasil e Estados Unidos, que, segundo ele, tem 201 anos.

"Uma relação muito respeitosa, uma relação que a gente presa pela qualidade da relação. Por isso eu estranhei que o presidente norte-americano postasse uma carta para mim, no portal dele dizendo que o Brasil ia ser taxado em 50% e pede na carta que a gente pare de perseguir Bolsonaro imediatamente", ponderou.

Na carta de terça da semana passada sobre as tarifas, Trump citou Jair Bolsonaro. No dia seguinte confirmou o teor político por trás da medida. O presidente brasileiro mandou um recado para Trump dizendo que ele deveria tratá-lo com a mesma delicadeza e respeito que ele trata o povo americano. Nesta quinta, o petista já tinha mencionado que Trump não quer conversar sobre o tarifaço.

Mesmo assim, Lula destacou as habilidade de negociação do vice-presidente, Geraldo Alckmin.

"Trump o dia que você quiser conversar o Brasil estará pronto e preparado para discutir para tentar mostrar o quando você foi enganado com as informações que te deram", afirmou.

"Você vai saber a verdade sobre o Brasil e quando você souber da verdade vai falar: 'Lula, eu não vou mais taxar o Brasil'. Fica assim do jeito que tá. Mas é preciso conversar e está aqui o meu conversador número 1. Ninguém pode dizer que o Alckmin não quer conversar, todo dia ele liga para alguém e ninguém quer conversar com ele", frisou.

Riquezas naturais

No mesmo dia, Lula defendeu a soberania do Brasil sobre suas riquezas naturais diante do interesse declarado dos EUA nos minerais estratégicos brasileiros, como o lítio e o nióbio.

A fala desta quinta ocorreu após o encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos, Gabriel Escobar, ter se reunido com representantes do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) e manifestado interesse em fechar acordos com o Brasil para aquisição de minerais considerados estratégicos.

As declarações do presidente foi dada durante cerimônia no Jardim Rochdale, em Osasco (São Paulo).

Na ocasião, o governo anunciou o Novo PAC Seleções 2025 Periferia Viva - Urbanização de Favelas. A previsão é destinar mais R$ 4,67 bilhões para ações em 49 territórios periféricos de 32 municípios de 12 estados.