Um militar da reserva pretende quebrar o silêncio de décadas e fazer uma revelação histórica: a localização de 22 corpos de desaparecidos políticos e ex-guerrilheiros, assassinados pelo Exército e enterrados na região do Araguaia onde se deram os combates – entre o Sul do Pará e o Norte do Tocantins.
A notícia será levada na quinta-feira para a juíza federal Solange Salgado, em Brasília, por grupo de familiares de desaparecidos. Ela é titular da 1ª Vara Federal e há anos acompanha o caso das expedições à região.
A chamada ‘Operação Limpeza’ dos militares à época deu-se em três locais na Serra das Andorinhas. O militar, cujo nome não foi revelado, está disposto a depor em juízo e levar as famílias ao local, mas com sob sigilo, porque teme ser morto.
Os familiares que apelou à juíza não quer ir à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, por não reconhecer a legitimidade do recém-criado grupo de trabalho.
Neste grupo, entre outros, estão Diva Santana, integrantes do Grupo Tortura Nunca Mais e representante oficial das famílias na Comissão dos Mortos e Desaparecidos no Ministério da Justiça, e Eliana Castro, irmã do desaparecido Antônio Teodoro, o Raul do Araguaia. Diva é irmã de Dinaelza Santana Coqueiro e cunhada de Vandick Coqueiro, desaparecidos na região.