Papel aceita tudo. Computador ultramoderno, então, é capaz de tornar praticamente real um mundo existente somente nas pranchetas ou no gogó dos governantes de ocasião.
Quando conseguiu a proeza de enfiar goela abaixo da população de Mato Grosso o projeto do VLT, o ex-governador Silval Barbosa se valeu de todo arsenal que a comunicação moderna oferece ao aparato estatal.
Mentiu sobre a tarifa. Mentiu sobre a viabilidade econômica. Foi de um descaramento quase surreal ao defender o fictício cronograma para a Copa do Mundo. E, ao mesmo tempo, fez de tudo para apontar má-intenção em qualquer crítica.
O rosário de inverdades, exposto de forma um tanto tímida pelo atual governo nesta semana, tinha como primeiro objetivo assegurar a licitação pelo RDC (Regime Diferenciado de Contratação), quando preço e prazo são definidos no escuro.
A pressa se justificava oficialmente pela proximidade da Copa do Mundo. Mas hoje está claro que, seguindo o rito normal (que pressupõe um projeto básico antes da contratação), a obra se revelaria inviável de cara.
Fechada a contratação, o governo se apressou em antecipar a compra do material rodante. Nada mais eficiente para tornar uma obra irreversível que 280 vagões ultramodernos estacionados, esperando por trilhos que tragam sentido à sua existência.
Diante da arapuca técnica e financeira que herdou, o governador Pedro Taques ainda não deu sinais claros do que pretende fazer ao final dos estudos, levantamentos e auditorias que marcam seu início de gestão.
Levar até o fim uma obra que, por todos os lados que se analisar, parece condenada a dar errado? Gastar centenas de milhões de dinheiro público apenas para comprovar na prática que ninguém vai conseguir bancar a tarifa? Pagar para ver e não resolver?
É um nó dificílimo de desatar. Em reportagem recente, o UOL afirmou que o governo estuda um retorno ao outrora demonizado sistema do BRT. Com meus botões, imagino que, se houver alguma mudança drástica, esta envolverá a linha Coxipó-Centro.
A cria de Silval caiu no colo de Pedro Taques. E qualquer decisão a seu respeito virá acompanhada por muito choro, ranger de dentes e troca de acusações.
Eu espero que a lição da Copa tenha sido aprendida e que, ao menos desta vez, a população seja corretamente informada e, sobretudo, ouvida antes de qualquer decisão. E que não falte coragem para fazer o que deve ser feito.
RODRIGO VARGAS é repórter do DIÁRIO ([email protected])
Karen Alana
Segunda-Feira, 23 de Fevereiro de 2015, 21h16Karen Alana
Segunda-Feira, 23 de Fevereiro de 2015, 21h09carlos augusto
Quarta-Feira, 11 de Fevereiro de 2015, 20h01RRP
Quarta-Feira, 11 de Fevereiro de 2015, 16h00Carlos
Quarta-Feira, 11 de Fevereiro de 2015, 15h06Claudio de oliveira
Quarta-Feira, 11 de Fevereiro de 2015, 14h42