Você já imaginou prever quem seria o novo Papa com base em conexões sociais? Pois foi exatamente isso que um trio de pesquisadores da Universidade Bocconi fez – e acertou! Mas calma, essa história não tem nada a ver com profecia. Tem a ver com algo que você, eu e todo mundo que valoriza bons relacionamentos deveria entender: ciência de redes.
A eleição do Papa Leão XIV (Robert Prevost) foi analisada por Giuseppe Soda, Alessandro Iorio e Leonardo Rizzo, que usaram um método sofisticado, mas com um raciocínio simples: quem está bem conectado tende a estar em posições de poder. Simples e poderoso assim.
A Igreja é uma grande rede de networking. O Colégio dos Cardeais foi tratado como o que ele realmente é: uma rede de relacionamentos. Eles mapearam três tipos de vínculos: relações formais, como participação em comissões e cargos no Vaticano. Linhagens espirituais, quem consagrou quem (quase como uma genealogia de confiança) e Laços informais, amizades, afinidades ideológicas e influência nos bastidores.
Com isso, criaram um “mapa invisível” das conexões de poder. E foi ali que Prevost apareceu como um nome forte, mesmo não sendo o mais falado pela mídia.
Por que ele? Porque está onde importa
Três fatores explicam o destaque de Prevost na rede: status (centralidade de autovetor), ele não conhecia “qualquer um” — suas conexões eram com outros líderes influentes, em termos simples, ele estava perto de quem decide. Controle da informação (intermediação), era uma ponte entre grupos diferentes dentro da Igreja, isso dá poder a quem facilita o diálogo — algo essencial em ambientes polarizados. Capacidade de coalizão, ele tinha influência direta, conexões confiáveis e conseguia unir lados distintos, ou seja, confiável e diplomático ao mesmo tempo.
E o que o networking no Vaticano tem a ver com você? Tudo. O que aconteceu por lá se repete diariamente no mundo dos negócios, da política e até no seu grupo de networking: quem você conhece importa, quem conhece você importa ainda mais. E como você conecta pessoas entre si pode te colocar numa posição única. Você não precisa ser o mais famoso da sala. Precisa ser aquele que faz as conexões certas acontecerem.
Lições de networking que o Conclave nos deu de presente
Mude seu olhar, sua rede é um mapa de oportunidades. Visualize quem está ao seu redor — onde estão os hubs, os pontos de conexão fortes? Onde existem buracos, espaços que poderiam ser preenchidos com novas relações? Aposte na qualidade, não apenas na quantidade. Ter cinco conexões de peso vale mais do que 500 contatos que mal se lembram de você.
Seja uma ponte, conecte pessoas que ainda não se conhecem, mas que deveriam. Isso gera valor e te posiciona como alguém essencial. Equilibre laços fortes e fracos — os primeiros te sustentam, os segundos abrem novas portas. E, acima de tudo, construa confiança. O capital social nasce da entrega, do tempo e da autenticidade. Relações genuínas levam mais longe. Porque, no fim, quem está bem posicionado na rede, chega mais longe.
O estudo de Bocconi mostra que não é só no LinkedIn que conexões importam. No Vaticano também. E na sua vida, principalmente.Networking não é sobre trocar cartões. É sobre ocupar posições estratégicas em redes de confiança. E você pode — e deve — aprender a se posicionar melhor nelas.
Se até a escolha do Papa pode ser lida como um movimento de rede, imagine o que você pode conquistar se entender a sua.
Mário Quirino é especialista em Desenvolvimento Humano e Diretor Executivo do BNI Brasil em Mato Grosso.
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