Durante a entrega de obras do novo PAC no sertão paraibano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou:
“Deus deixou o sertão sem água porque ele sabia que eu ia ser presidente da República e que eu ia trazer água pra cá.”
A fala gerou repercussão imediata. Para além da política, esse tipo de discurso revela uma técnica poderosa de comunicação emocional, simbólica e narrativa — que pode (e deve) ser adaptada por empresas e empreendedores em suas estratégias de marca.
Para Lula, uma fala de impacto misto — com saldo positivo
Pontos positivos
Criação de vínculo afetivo com o público: ao se posicionar como o “escolhido” para resolver uma dor histórica do povo nordestino, Lula cria uma conexão emocional fortíssima com a audiência.
Narrativa messiânica que gera mobilização: a fala alimenta a ideia de destino, missão e superação — temas que engajam e humanizam o líder.
Destaque midiático e protagonismo político: mesmo com críticas, a fala reforça sua presença como figura central nas conquistas do governo.
Pontos de atenção
Risco de exagero e personalismo excessivo: o tom quase messiânico pode afastar parte do público que prefere líderes mais técnicos ou pragmáticos.
Exclusão de outros protagonistas: ao centralizar o mérito, desconsidera lutas coletivas e pode ser interpretado como egocentrismo.
O que empreendedores e marcas podem aprender com essa técnica?
A fala de Lula é um exemplo poderoso de storytelling com propósito — algo que marcas de sucesso dominam bem. Veja como aplicar essa técnica no seu negócio:
1. Crie uma narrativa com propósito
Empresas que contam sua história com emoção, missão clara e propósito tendem a atrair mais engajamento. Exemplo:
“Criamos essa cafeteria porque, como filhos de produtores rurais, sempre sonhamos em ver o café da nossa terra valorizado no centro da cidade.”
2. Use metáforas e símbolos
Assim como Lula usou o “sertão sem água” para representar décadas de abandono, marcas podem usar analogias para reforçar sua relevância:
“Quando ninguém acreditava no bairro, montamos nossa primeira loja aqui. Hoje, cada cliente que entra nos lembra o quanto valeu a pena.”
3. Posicione-se como solução para uma dor real
O presidente falou de um problema concreto (falta d’água) e de como o resolveu. Empresas precisam deixar claro qual problema resolvem:
“Nossos produtos nasceram para facilitar a vida de quem trabalha o dia inteiro e ainda quer cuidar da saúde sem perder tempo.”
4. Atribua protagonismo, mas com humildade
Inspire-se no estilo emocional, mas sem exageros. Mostre liderança sem parecer arrogante:
“Acreditamos que o sucesso dessa empresa veio porque ouvimos nossos clientes desde o primeiro dia.”
5. Valorize o território onde você atua
Assim como Lula se dirigiu diretamente ao sertanejo, marcas locais devem se apropriar de sua identidade:
“Nossa marca carrega o sabor e a força de Cuiabá. É aqui que nascem nossas melhores ideias.”
Conclusão
A comunicação de Lula mistura autorrepresentação simbólica, apelo emocional e narrativa de superação — uma fórmula poderosa que gera impacto e identificação. Apesar dos riscos de interpretação, o saldo é positivo em termos de engajamento popular e fortalecimento da marca pessoal.
Empreendedores e empresas podem (e devem) usar esse modelo a seu favor: contar histórias com alma, mostrar que conhecem as dores do seu público e se posicionar como parte da solução. Isso aproxima, humaniza e fideliza.
Seja no palanque ou no ponto de venda, quem conta bem sua história, conquista corações — e mercado.
Ana Barros é jornalista em Cuiabá e atua em assessoria de imprensa. Rede social @vocenaimprensa