Opinião Sexta-Feira, 08 de Maio de 2020, 15h:27 | Atualizado:

Sexta-Feira, 08 de Maio de 2020, 15h:27 | Atualizado:

José Antônio Borges

Auxílio Saúde no MP não é privilégio, mas, sim, tratamento paritário

 

José Antônio Borges

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No atual momento político do Brasil, tenta-se a fórceps implantar um regime presidencialista plebiscitário com objetivo de enfraquecer as instituições que formam a estrutura do Estado Brasileiro, desqualificando os seus servidores públicos e, principalmente os agentes políticos dos demais Poderes.

Temos no Brasil, no âmbito dos Poderes Executivos federal, estaduais e municipais e nos Poderes Legislativo, Judiciário e Ministério Público, o denominado Sistema Complementar de Saúde do Servidor Público. Seja na modalide de autogestão, de contratação de planos de saúde privados pelo ente público ou Auxílio Saúde pago individualmente, com um limite de teto, mediante comprovante de gastos com saúde.

Como exemplo emblemático, observa-se que os próprios servidores do Ministério da Saúde não utilizam o SUS. Basta verificar o Manual de Orientações aos novos servidores, na sua página 33:  “Assistência de saúde: serão concedidas ao servidor público as seguintes opções: Adesão a um dos planos de saúde que o Ministério possui convênio, que são a GEAP, o CAPE- SAÚDE (CAPESESP) e a Aliança, ou o ressarcimento, conforme uma tabela de valores, no caso de o servidor não optar pela adesão a um dos planos de saúde oferecidos e ser titular de plano de saúde particular.”

Nesta mesma opção administrativa já praticada em outros órgãos estatais de prevenção e cuidado com a saúde laboral de membros e servidores, no Ministério Público do Estado de Mato resolvi baixar o Ato Administrativo 924/2020/PGJ, da Procuradoria Geral de Justiça, instituindo uma Ajuda de Custo para despesas com saúde aos servidores e membros da instituição, no valor de R$500,00 aos servidores e de R$1.000,00 aos promotores e procuradores, mensalmente, mediante comprovação de gastos com esse fim.

O referido Ato Administrativo tem como lastro o artigo 32 da Lei 9.782, de 19 de julho de 2012, e o fiz exatamente neste momento não como um “Vale COVID” - como jocosamente vem sendo chamado  - , mas sim porque já estava previsto no nosso orçamento de 2020. Com isso, estávamos promovendo igualdade de tratamento ao MPMT em relação aos outros Ministérios Públicos e órgãos públicos, como já dito, e por ser um pleito legítimo do sindicado dos servidores (Sindsemp) e da associação dos membros da nossa instituição (AMMP).

O Ministério Público mato-grossense tem consciência e responsabilidade do seu dever constitucional, principalmente neste momento de pandemia, tomando medidas para evitar o alastramento da doença e carreando recursos por meio de TACs (Termos de Ajustamento de Conduta) e Acordos de Leniência encaminhados ao Judiciário, parceiro do sistema de Justiça neste combate. Em pouco mais de um mês já destinamos mais de R$21 milhões ao Fundo Estadual de Saúde e outros R$ R$ 15 milhões ao Fundo Penitenciário para enfrentamento à pandemia e outras ações. Este ano temos ainda a previsão de recuperar somente pelo CIRA (Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos) a cifra de R$264.827.474,69.

Aos que criticam e argumentam que o Ministério Público deveria repassar saldos do seu orçamento para ajudar no combate à pandemia, informo que já fizemos cortes drásticos nos nossos investimentos e no custeio pela possível redução da arrecadação do Estado, mas isso não impede que utilizemos recursos para valorizar a saúde dos membros e servidores. Todos os poderes também o fazem de alguma forma. A título de exemplo, temos o MT/Saúde, que contempla servidores do Executivo estadual. Seria razoável que o Estado o fechasse imediatamente para destinar os recursos ao Fundo Estadual de Saúde?

A título de esclarecimento ainda, o próprio Conselho Nacional do Ministério Público -  CNMP está regulamentando sistema complementar na área da saúde e já conta com Nota Técnica favorável do Colégio Nacional dos Procuradores de Justiça –CNPG.  Inclusive, alguns o recebem nos respectivos órgãos de carreira, sejam do Ministério ou do Poder Judiciário.

Por outro lado, é o momento de revalorizar o SUS e termos um Estado forte na educação, segurança pública e, principalmente na saúde, mesmo num modelo de economia liberal, como desejam alguns. Caso o Congresso Nacional mude o sistema, de forma que nenhum servidor público, do Presidente da República, Ministros do Supremo, Procuradores da República, Senadores, Deputados Federais e Estaduais, Governadores, Prefeitos, Vereadores e demais servidores disponham de verba pública para o Sistema Complementar de Saúde, estaremos, aí sim, de forma linear dando o mesmo tratamento aos servidores públicos brasileiros.

Por fim, o Ministério Público do Estado de Mato Grosso entende que o Auxílio Saúde, além de legal, é moralmente aceitável como atrativo da carreira e diminuição da pressão sobre o SUS, já sobrecarregado, independentemente da pandemia. Mas pode, sim, ter avanços, como mais verbas para o fortalecimento do SUS ou outras alternativas que o Congresso Nacional apresente como caixa de ressonância das demandas sociais.

José Antônio Borges Pereira é Procurador-geral de Justiça de Mato Grosso

 

 





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Comentários (14)

  • Revoltado.

    Sexta-Feira, 22 de Maio de 2020, 12h51
  • Vocês são uma vergonha, ganham mais que todos, trabalham em um ambiente de mordomias, e podem pagar um plano privado sem pesar no bolso. E o resto da população tem que tirar comida do prato para pagar um plano, se não quiser usar o sus. Isso é um tapa na cara da sociedade.
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  • Eleitor

    Sábado, 09 de Maio de 2020, 20h12
  • Não que esses argumentos do Procurador-Geral sejam verdadeiros (são, na verdade, muito falaciosos), mas digamos que ele tivesse razão e fosse mesmo uma simples questão de "paridade": quer dizer então que o MP, que deveria ser um baluarte da moralidade, QUER SE NIVELAR POR BAIXO, EQUIPARANDO-SE A OUTROS SANGUESSUGAS DA REPÚBLICA? Pobre do povo!
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  • Cidad?o Indignado

    Sábado, 09 de Maio de 2020, 14h26
  • Bando de bandidos disfarçados. Não tem vergonha na cara. Não tem dignidade. Não possuem nenhuma ética. Sanguessugas. Ah, e MP não é Poder.
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  • Ggm

    Sábado, 09 de Maio de 2020, 10h46
  • Povo sem educação não pensa, o que já está ruim pode piorar.
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  • Ana

    Sábado, 09 de Maio de 2020, 08h10
  • Vcs estão ficando loucos, o povo morrendo de fome e vcs inventando isso? Vcs estão querendo o quê? Uma revolta popular? Só podem, é o cúmulo do absurdo, é por essas atitudes que o povao vota em psicopatas nas eleições
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  • Jos? eduardo

    Sábado, 09 de Maio de 2020, 00h02
  • Sou servidor concursado do executivo a quase duas décadas, nunca recebi nada parecido!!!!!! Esse senhor quer justificar o injustificável!!!!!!!!
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  • Janu?rio

    Sexta-Feira, 08 de Maio de 2020, 22h53
  • A emenda ficou pior que o soneto. Tanto é vergonhosa a vossa atitude que o CNMP disse que não é razoável que se exponha a Instituição a esse vexame nacional e vetou o VALE COVID.
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  • Paolo

    Sexta-Feira, 08 de Maio de 2020, 21h27
  • Chaga a dar nojo desse cara.
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  • MARIA TAQUARA

    Sexta-Feira, 08 de Maio de 2020, 20h51
  • Para que tá feio!
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  • Edson

    Sexta-Feira, 08 de Maio de 2020, 17h19
  • Voces promotores recebm ao invés de 1/3 das férias, férias integrais. Isso que deveria acabar. Vergonha. Recebem acima de todos os demais funcionários públicos e privados.
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  • alexandre

    Sexta-Feira, 08 de Maio de 2020, 16h34
  • Auxlio saude é absurdo, é verba salarial indireta vedado pela constituição.... os servidores do executivo pagam unimed e MT saude...
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  • alexandre

    Sexta-Feira, 08 de Maio de 2020, 16h29
  • nenhum servidor do Executivo , tem verba indenizatoria ou auxilio Unimed, é privilegio sim....
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  • Jacilda Rodrigues

    Sexta-Feira, 08 de Maio de 2020, 16h26
  • Se um dos objetivo do chamado auxílio saúde é a "diminuição da pressão sobre o SUS", sugiro que o MP destine a verba a ser utilizada diretamente para o próprio SUS, se possível juntamente com certos outros penduricalhos.
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  • Augusto C?sar

    Sexta-Feira, 08 de Maio de 2020, 15h55
  • Como sempre a culpa é do Bolsonaro. Se outros MPs fazem , vamos cortar deles também. Quer plano de saúde? Pague igual ao cidadão comum. Indefensável.
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