Que a classe política brasileira mantém pouca credibilidade perante a opinião pública não é novidade, embora seja lamentável. No entanto, entendo que a crise de representatividade atingiu o seu auge nos últimos anos.
Em 2013, quando inesperadamente as ruas de diversos cantos do Brasil foram tomadas pela população, os protestos não estavam direcionados ao PT, PSDB e tampouco a outro partido, mas a essa falência do serviço público em educação, saúde, segurança pública e transporte coletivo, apesar da descabida carga tributária que pagamos anualmente, somado a um Judiciário lento para dar respostas à sociedade em processos envolvendo dinheiro público.
Um exemplo claro da falta de compreensão das autoridades pelos anseios sociais foi o desastroso discurso da presidente Dilma Rousseff (PT) em rede nacional de televisão.
Naquela ocasião, seria mais prudente anunciar que convocaria o presidente do Senado, Câmara dos Deputados e líderes partidários da oposição e situação para encaminhar ao Congresso Nacional um pacote de reformas sociais.
Mas, ao contrário de dividir responsabilidades, a petista anunciou a ideia de uma Assembleia Nacional Constituinte exclusiva para a aprovação da reforma política, recuando no dia seguinte após ser alertada pela OAB nacional que a medida não tem respaldo legal.
A descrença e o abismo que separa a população das autoridades foi reforçada com a divulgação de uma pesquisa pela Datafolha revelando que 71% dos brasileiros não tem um partido político de preferência e tampouco acredita em seus ideais.
E assim vai se formatando um cenário sombrio e de falta de perspectivas em relação ao que esperar da classe política brasileira e dos serviços públicos, se consolidando a “República Colonialista Brasileira”, onde o representante dos poderes visa mais se locupletar em atos ilícitos do que atender a coletividade.
O preocupante é que a ruptura deste sistema está longe do fim. Nos recentes protestos no Brasil, não apareceu nenhuma liderança capaz de compreender a realidade e surgir como opção política para o futuro. Na última eleição presidencial, a calúnia e difamação representada por Dilma Rousseff saiu vitoriosa com o marqueteiro João Santana vendendo na propaganda eleitoral uma mercadoria que não existe no mundo real. Antes de completar 60 dias de mandato, a petista vê sua popularidade desabar como reflexo da contradição de suas propostas e medidas tomadas pelo poder. E neste imbróglio político social fica a dúvida: o que esperar do Brasil?
RAFAEL COSTA é repórter do Diário de Cuiabá