O grande desafio de autoridades públicas, empreendedores e organizações de incentivo aos negócios é gerar emprego e renda nesta primeira quadra do Século XXI. Sim, porque o mundo do trabalho mudou. Hoje se tem mais apelo de gerar emprego e ocupação pelo conhecimento do que pela necessidade das pessoas terem um rendimento. Robôs e máquinas substituem os homens. Nunca foi tão complexo criar empregos em um mundo onde a população cresce e os postos de trabalho diminuem gradativamente.
Os índices de desemprego gritam no ouvido de autoridades e empresários, como mostrou recente o IBGE com 13,4 milhões (12,7%) de desempregados no trimestre finalizado em março ou gente em subemprego em cada barraquinha de vendas de alimentos ou bebidas nas esquinas de Cuiabá ou São Paulo. A falta de emprego subtrai a dignidade humana das pessoas, as quais se deparam com situações de verdadeira ausência de “mínimo existencial”, ou seja, é a abrupta privação de certos bens, oportunidades ou direitos.
No Brasil, foram retirados 873 mil postos de trabalho no trimestre encerrado em março. A população ocupada no Brasil totaliza 91,9 milhões de pessoas, enquanto a força de trabalho subutilizada soma 28,3 milhões, um recorde. Nesse grupo estão desempregados, os que desistiram de procurar emprego e os que não trabalham por algum outro motivo, segundo o IBGE, na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua).
Não se trabalha mais em chão de fábrica, como há 200 anos. O emprego hoje é terceirizado, é com inteligência artificial e ferramentas tecnológicas como a internet. As pessoas não trabalham mais em empresas entre quatro paredes. Elas utilizam o sistema “home office”. Um carro, por exemplo, não é mais produzido no sistema Fordista de série em um mesmo endereço. Um motor vem de um continente, componentes eletrônicos de outro e a fábrica “montadora” é em um terceiro continente ou país, em um retrato racional da globalização.
De volta aos dados do IBGE. Além da massa de milhões de desempregados, as informações divulgadas no início do mês mostraram que entre os segmentos, o desemprego aumentou na construção civil, menos 228 mil pessoas ou famílias e no comércio, menos 195 mil. Não precisa ser especialista ou economista renomado para saber que esses dois setores são cruciais para identificar o dinamismo ou não da economia de alguns lugares.
O diagnóstico é grave. O paciente Brasil está na UTI, com febre alta (desemprego); dor (pessoas sem subsistência) e sem acesso a especialistas para resolver (ocupação de trabalho). Não há alento. A previsão de crescimento da economia no Brasil para este ano já esteve em 2,2 por cento, segundo o governo. Agora, a estimativa é crescer 1% por cento em 2019.
Outro agravante é que o índice de desemprego é alarmante entre os jovens. Ou seja, gerações inteiras estão sem exercer atividade produtiva ou expectativa de futuro para se manterem e sobreviverem. E o pior: nossa área de educação, ciência e tecnologia não ajuda. E quem deveria incentivar a preparação para o emprego ou ocupação profissional, (leia-se governo federal), se tornou algoz de jovens, ao reduzir, drasticamente, dinheiro para as universidades públicas e institutos de ensino em todo o Brasil.
O desempenho dos estudantes brasileiros na avaliação mundial PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, da sigla em inglês). Na avaliação de 2015, a mais recente, os brasileiros de 15 e 16 anos ficaram na 63ª posição em 70 países avaliados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em nível de conhecimentos em ciências, matemática e leitura. A próxima avaliação do PISA será divulgada este ano.
Mas. Onde estão os empregos? Como gerar renda? Um dos caminhos é ativar as cadeias de geração rápida de emprego. Como a construção civil, citada. É o caso do governo e bancos propiciarem incentivos para o setor, como reduzir taxas de financiamentos e abrir frentes de trabalho. Outra sugestão é fazer nossos jovens terminarem o Ensino Médio com uma profissão de acordo com demanda do mercado de trabalho.
A geração de emprego no Brasil não é fácil e é desafio para as próximas duas décadas. Precisa ser tarefa de longo prazo. Podemos buscar exemplos bem-sucedidos em outros países, como Canadá, Finlândia e Colômbia, que está à frente do Brasil no PISA, na 57ª posição. Mas, boa parte da saída passa pela educação profissional e educação formal, com estímulo à meritocracia na carreira de professores, bons salários, avaliação de aprendizagem e intercâmbio para troca de experiências entre professores. Eis aí uma saída.
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#logística
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*Welyda Cristina de Carvalho é advogada, pós-graduada em Direito Processual Civil pela FESMP/MT, fez intercâmbio em Sunshine Coast, na Austrália e atua no Direito do agronegócio. Endereço eletrônico: [email protected] / Instagram: @welydacarvalho.
BOLANGER
Quarta-Feira, 15 de Maio de 2019, 07h48Jose augusto
Segunda-Feira, 13 de Maio de 2019, 20h47Caetano da Silva
Segunda-Feira, 13 de Maio de 2019, 12h14