A cada dia que passa, nota-se que o número de pessoas que moram em ruas tem aumentado em Cuiabá. Elas vivem nas avenidas, calçadas, praças, becos e viadutos da nossa cidade. São pessoas que moram nas ruas por causas variadas como: alcoolismo, drogas, desemprego e conflitos familiares.
Moradores de rua são seres humanos que vivem fora do contexto social. São indivíduos desprovidos de família, emprego, residência e bens materiais. Pode-se dizer que são considerados como não cidadãos, porém, para muitos que não estão familiarizados com essa expressão, são conhecidos como mendigos, indigentes, desocupados, vagabundos e uma série de outros estereótipos, dos quais a cidadania assume papel coadjuvante.
Certamente a pobreza e o vício em drogas são fatores que mais contribuem para este desequilíbrio social. Cada um deles tem sua história, seus sentimentos e seus sonhos. E com certeza, muitos querem uma oportunidade para recuperar a cidadania.
De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento Social, a população de moradores de rua chega a 1,8 milhão pessoas no Brasil. E segundo estudo do citado ministério, a principal dificuldade na reabilitação do morador de rua é a dificuldade na obtenção de alguma fonte de renda para que consiga reorganizar sua vida.
O que me chama a atenção é que a maioria dos cidadãos passa por eles todos os dias, mas não os veem, como se fossem invisíveis. Como não tivessem rosto, nem nome, nem história.
Preocupado com esta situação, busquei informações junto à Secretaria Municipal de Assistência Social e Desenvolvimento Humano para saber quantos moradores de rua existem em Cuiabá.
Fui informado que a Secretaria não tem esse número de forma oficial, mas que a população flutuante que habita as ruas de Cuiabá deve girar em torno de 350 pessoas. Fui informado também, que o órgão não tem capacidade para acolher em seus albergues nem a metade daqueles que precisam de um lugar para passar a noite. Atualmente Cuiabá tem dois albergues municipais com 60 vagas cada um.
O fato é que há muito tempo tem sido tímida a iniciativa do poder público em desenvolver políticas públicas de inclusão para o morador em situação de rua.
Em maio do ano passado, apresentei na Câmara Municipal uma indicação parlamentar solicitando da prefeitura a realização de um censo de moradores de rua. O objetivo do censo seria levantar de forma oficial quantos moradores de ruas existem em Cuiabá, fazendo uma radiografia sobre essa população, para saber por que o indivíduo virou morador de rua; as condições que vive na rua; sua origem; seu grau de alfabetização; seus vícios; seus antecedentes; entre outros dados.
Creio que a realização do censo é importante, pois com ele o poder público terá um diagnóstico que apontará rumos certos acerca de medidas que poderão ser adotadas para oportunizar o morador de rua recuperar a sua cidadania.
A boa notícia é que no início do ano a Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos anunciou que em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso vai realizar uma pesquisa para fazer um mapeamento detalhado da população de rua de Cuiabá e Várzea Grande. Vamos torcer para que de fato esta pesquisa seja realizada e possa contribuir para que as autoridades competentes executem ações de inclusão social para os moradores de rua e, assim diminuir o número destas pessoas nas ruas de Cuiabá.
DILEMÁRIO ALENCAR é vereador em Cuiabá
Isabela
Domingo, 18 de Junho de 2017, 12h28