Opinião Quinta-Feira, 22 de Janeiro de 2015, 04h:18 | Atualizado:

Quinta-Feira, 22 de Janeiro de 2015, 04h:18 | Atualizado:

Vinícius de Carvalho

O secretariado de Taques

 

Vinícius de Carvalho

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Um dos assuntos que mais movimentaram a crônica política estadual nas últimas semanas foi o início do mandato de Pedro Taques como Governador. Dentre os vários aspectos destacados nestes primeiros dias quero me concentrar na composição do secretariado. Algo que chamou a atenção de muitos foram o perfil técnico e a juventude da maioria dos secretários de Estado. 

Como a candidatura Pedro Taques destacou-se por seu perfil oposicionista e também pela ênfase no tema da mudança, era de se esperar alterações neste sentido. O secretariado do Governo anterior já vinha demonstrando sinais de cansaço em algumas áreas importantes, com secretários que vinham do segundo e até do primeiro mandato de Blairo Maggi, ora como titulares ora como adjuntos. Outra marca do novo gabinete é o seu vínculo com organizações importantes dos setores público e privado de Mato Grosso, como órgãos do Poder Judiciário, entidades representativas, universidades, cooperativas, empresas, partidos, etc.

Entretanto, isto é algo que, em certo nível, fere a prática do presidencialismo de coalizão em Mato Grosso. A presença de profissionais da política e mesmo de parlamentares com mandato costumava ser muito maior em outros governos. As nomeações para o secretariado eram inclusive utilizadas para “arrumar a fila” na Assembleia Legislativa e/ou Câmara Municipal, oportunizando o acesso de suplentes. Desta forma, a vontade do eleitor era “corrigida”. 

Ao olhar estes fatos me lembrei de um outro Pedro que passou pelo Governo do Estado, o Pedrossian (1966-1971). Ele também nomeou um secretariado composto de jovens na faixa dos 35 a 40 anos. Logo no segundo ao de seu mandato (1967) Pedrossian enfrentou uma forte crise com o Poder Legislativo, por conta também de outros fatores. Foi um dos períodos mais tensos da história política recente de Mato Grosso. 

Será que o sistema político atual assimilará bem estas mudanças? Tendo a pensar que trata-se de uma estratégia para qualificar o secretariado e melhorar a qualidade da gestão no Estado. O Governo Silval Barbosa demonstrou claramente como faz falta um melhor modelo de gerenciamento no setor público. Foi o Governador que mais contou com empréstimos nos últimos 20 ou 30 anos, além dos recursos federais repassados para as obras da Copa. Mesmo assimteve baixo desempenho eleitoral, com o PMDB reduzindo sua bancada para 3, o PSD para 4 e PR para 5 e PT nenhum deputado, além da baixa votação das suas candidaturas a Governador (Lúdio Cabral e José/Janete Riva). Nenhum dos secretários de Estado que saíram candidatos foi eleito.

Este é um forte argumento para mudar a fórmula. Qualificar mais os secretários e a gestão de forma geral para o desempenho do Governo melhore e todos ganhem no final. Uma outra possibilidade que estão levantando é que seja um secretariado “tampão”, pensado para o  primeiro e talvez segundo ano de governo. Como temos acompanhado, a tarefa que lhes cabe não é das mais fáceis, passando pela conclusão das obras contratadas no período anterior, as mudanças organizacionais com os novos órgãos e contexto fiscal restritivo.  Nesta linha de raciocínio, um grupo com perfil mais político poderia aparecer na segunda metade do mandato para capitalizar os resultados nas eleições de 2018. 

Ou talvez seja uma tentativa de fato de trazer para Mato Grosso modelos de gestão bem sucedidos em outros Estados como Minas Gerais, São Paulo, Pernambuco e Goiás, que fortaleceram em muito os grupos políticos que os implementaram. Nestes casos a política não foi suprimida, mas apenas mudou para lugares mais adequados. Torço para que seja este o nosso caso. 

Vinicius de Carvalho Araújo é gestor governamental do Estado, mestre em História Política, professor universitário [email protected] e www.analisepoliticamt.blogspot.com.br. 

 





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Comentários (7)

  • Hugo Werle

    Quinta-Feira, 22 de Janeiro de 2015, 16h30
  • Vinicius gosto de ouvir ou ler suas análises, porém creio que desta vez não foste feliz."...seja uma tentativa de fato de trazer para Mato Grosso modelos de gestão bem sucedidos em outros Estados como Minas Gerais, São Paulo, Pernambuco e Goiás, que fortaleceram em muito os grupos políticos que os implementaram..." Perda do governo de Minas e da Presidência. Problemas com a água em SP são alguns dos elementos que indicam que não é bem assim tão eficiente a gestão dos citados.
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  • Paulo

    Quinta-Feira, 22 de Janeiro de 2015, 12h45
  • Ótima análise Professor. Não temos como afastar a Política da Administração Pública, uma coisa está umbilicalmente ligada à outra, a rejeição pelo perfil político está ligado ao histórico ruim que temos aqui e em outras esferas de governo. Um corpo técnico capacitado e objetivos claros e bem intencionados por parte do corpo político farão a verdadeira mudança nesse Governo e ficará como legado para os próximos.
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  • Luciano

    Quinta-Feira, 22 de Janeiro de 2015, 12h43
  • Veronica, um grande maestro muda muito a estética de uma sinfonia mesmo com os mesmos músicos. Difícil seria executar Maller com maestro de batucada. Ah! Mesmo que a orquestra pudesse ser a Filarmônica de Berlim.
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  • Veronica

    Quinta-Feira, 22 de Janeiro de 2015, 11h20
  • Mudanças? Oxigenação no grupo de decisão? O que nos parece é que, apenas, o ‘ritmo’ pode ser mudada, mas continua a mesma sinfonia e os mesmos músicos, apesar de um exímio maestro na regência.
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  • Lucia Mara

    Quinta-Feira, 22 de Janeiro de 2015, 09h49
  • Sr Vinicius, como é de se supor, pelas suas qualificações acadêmicas e carreira a qual pertence, o senhor deve faz parte da ‘elite’ da administração e possui muita informação. Portanto, complemente a sua análise e aborde todos os encaminhamentos de mudanças. Não fique apenas com o 1º escalão uma vez que as coisas acontecem, se materializam e se efetivam do 2º escalão em diante. Se as mudanças forem apenas de lugar, ai a coisa se complica, os ‘desgastados’ já demonstraram a que vieram. Os resultados estão expressos pelos escândalos.
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  • Edval Campos

    Quinta-Feira, 22 de Janeiro de 2015, 09h01
  • Artigo com uma visão pró-ativo. Parabens Doutor vinicius, realmente a política não foi suprimida, e sim,. se adequou em mudanças.......abraço Economista Edval Campos.
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  • Anamaria

    Quinta-Feira, 22 de Janeiro de 2015, 08h50
  • Vamos ficar de olho, parece que a coisa vem se complicando com o 2° escalão, existem evidências sinalizando que a renovação pode não acontecer. Sr Vinicius, os desgastados comissionados de Silval estão apenas mudando de lugar e assim...
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