O brasileiro Dom Hélder Câmara, nascido em 7 de fevereiro de 1909 e falecido em 27 de agosto de 1999, marcou profundamente a história do Brasil e do mundo. Sua vida, obras e pensamentos são legados de amor, compaixão e luta pela justiça social, que ainda ecoam.
Dom Helder nasceu em Fortaleza, Ceará, e cresceu em uma família de classe média. Desde cedo, demonstrou um profundo compromisso com a fé cristã e o serviço aos necessitados. Sua jornada religiosa o levou ao sacerdócio em 1931, e, mais tarde, em 1952, tornou-se bispo auxiliar do Rio de Janeiro.
Seu trabalho o aproximou das comunidades mais marginalizadas do Brasil, onde testemunhou a pobreza extrema e as injustiças sociais que afligiam seu povo. Esse contato direto com a realidade dos mais pobres inspirou sua missão de vida: lutar por uma sociedade mais justa e igualitária.
Na área dos direitos humanos e sociais, Dom Hélder foi uma voz incansável. Fundou o Movimento de Educação de Base (MEB), que promoveu a educação popular para combater o analfabetismo e capacitar as comunidades carentes. Sua visão era empoderar as pessoas por meio da educação, capacitando-as a transformar suas próprias vidas.
Além disso, desempenhou papel fundamental na criação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e da Conferência Episcopal Latino-Americana (CELAM). Sua liderança eclesiástica e influência internacional permitiram sensibilizar o mundo para as questões sociais, incluindo a desigualdade, a opressão e a violência.
Dom Hélder Câmara era conhecido por suas citações inspiradoras e proféticas. Acreditava que a verdadeira religião devia ser encarnada na ação social, no amor ao próximo e na defesa dos mais vulneráveis. Algumas de suas frases mais célebres incluem:
"Quando dou comida aos pobres, chamam-me de santo. Quando pergunto por que eles são pobres, chamam-me de comunista."
"Ninguém é tão pobre que não tenha algo a oferecer, e ninguém é tão rico que não tenha algo a receber."
"A opressão é um pecado mortal; a Igreja deve ser uma Igreja de todos, especialmente dos pobres."
Seus pensamentos ecoam a importância de não apenas aliviar a miséria, mas também de abordar suas causas estruturais e desafiar as estruturas de poder que perpetuam a desigualdade.
É importante registrar que Dom Hélder Câmara foi um defensor fervoroso da não-violência e da paz. Se opôs veementemente à violência em todas as formas, acreditando que a paz só poderia ser alcançada por meio da justiça e da reconciliação.
A vida, obras e pensamentos de Dom Hélder continuam a inspirar pessoas a lutar por um mundo mais justo e compassivo. Seu compromisso com os mais pobres, sua defesa dos direitos humanos e sua dedicação à paz são legados que transcendem o tempo e nos lembram da importância de agir em prol de um consenso civilizatório.
Num mundo em constante transformação, as palavras e ações de Dom Hélder Câmara continuam a guiar, lembrando a todos da responsabilidade de cuidar uns dos outros. Sua mensagem ressoa como um farol de esperança, apontando o caminho para um futuro mais inclusivo e igualitário.
É por aí...
Gonçalo Antunes de Barros Neto é da Academia Mato-Grossense de Magistrados, graduado em Filosofia e mestre em Sociologia (UFMT), e escreve em A Gazeta aos domingos