Quem não se recordar dessas falas emanadas, por pessoas públicas, em um contexto de minimização dos riscos da COVID 19, pode recorrer aos mecanismos de busca da Web para refrescar a memória. Não apenas esses, mas muitos foram os que, à época, subestimaram a crise de saúde pública que estava por vir. Nessa direção, após a Organização Mundial da Saúde - OMS declarar a Monkeypox - Mpox uma emergência global, pela segunda vez, ainda há um grupo que segue minimizando os riscos.
Essa doença é causada por um vírus que é da mesma família e do mesmo gênero do vírus da varíola comum, o Smallpox. As diferenças estruturais fazem com que o Mpox seja capaz de afetar hospedeiros diferentes dos humanos, como os macacos, e cause uma sintomatologia mais branda, cursando com febre, “ínguas” (aumento dos linfonodos), cansaço, dores musculares e bolhas (vesículas) na pele. Entretanto, a nova cepa tem mudado essa realidade, possuindo maior potencial de disseminação e letalidade, bem como com maior resistência às medicações.
Conforme estudo publicado na Spring Nature, em 2022, o quadro inicial de avanço da doença é relacionado ao fim da imunização de rotina contra a varíola comum, após sua erradicação. Isso têm ocorrido em alguns países, como os Estados Unidos, que desde 1972 retiraram a varíola da lista de imunizações recomendadas, aumentando assim o número de pessoas não imunizadas e consequentemente reduzindo a proteção cruzada que havia contra a Mpox. Além dessa proteção, há ainda vacinação própria contra a enfermidade, composta de duas doses.
Disse em entrevista, a mais alta autoridade da saúde do país, que “é importante reforçar que não há motivo para alarme”. Veja, segundo dados da OMS o Brasil é o segundo país em números de casos, foram mais de 11 mil entre janeiro de 2022 e julho de 2024, perdendo apenas para os Estados Unidos. Esse ano, até julho, surgiram 315 casos somente em São Paulo, o que representa um aumento de 250% para o estado em comparação ao ano passado. Em relação aos óbitos, a nível mundial, já foram mais de 500 mortes tão só em 2024.
Após a duríssima lição deixada pela pandemia da COVID 19, esses dados deveriam ser suficientes para que os agentes públicos ligassem os alertas, assim como a OMS o fez, e tomassem as providências necessárias no sentido de fortalecer o enfrentamento dessa emergência.
Willer Zaghetto é medico formado pela UFMT e atua como Perito Oficial Médico Legista
Carlos Nunes
Segunda-Feira, 19 de Agosto de 2024, 13h56João Viana
Segunda-Feira, 19 de Agosto de 2024, 09h03