Opinião Sexta-Feira, 25 de Abril de 2014, 09h:23 | Atualizado:

Sexta-Feira, 25 de Abril de 2014, 09h:23 | Atualizado:

Vicente Vuolo

Ser humano ou herói?

 

Vicente Vuolo

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Ao prosseguir em meu caminho, lançando o meu olhar para o futuro de Mato Grosso uma vez mais, elevo em minha mente, à preocupação contínua com a pobreza, com as crianças que ainda estão fora da escola, com o racismo que persiste e com o crescimento da desigualdade. 

Para resolver essas questões do que precisamos? De seres humanos ou heróis? A resposta está em cada um de nós. De como enxergamos as pessoas, suas angústias e de que como desenvolvem o oxigênio da alegria.

Todo herói um dia vê sua força se esfacelar. Todo gigante, por maior que seja, em algum momento se apequena. Ou seja, a humanidade precisa de seres humanos, não de heróis.

A vaidade humana pode transformar o sucesso em desgraça. O dinheiro pode transformar mansões em prisões. Apesar dos belíssimos jardins, o milionário observa e afirma: "quem desfruta das flores são os meus jardineiros". Quem é o rico? O jardineiro ou eu?

Na política, precisamos ter a visão estratégica. Não tropeçamos nas grandes montanhas, mas nas pequenas pedras. Sem um projeto coletivo, impera o individualismo. O poder corrompe. Feito de egoísmo, conchavos, desprezo, autoritarismo. Tudo pelo poder.

A construção de um grande projeto de salvação passa pela humildade de ouvir, sabedoria de incorporar sugestões e coragem de decidir coletivamente. Tudo isso, para atingir o preenchimento das necessidades básicas humanas, como alimentação e moradia, e de fatores subjetivos do bem-estar, como estima e respeito. 

Precisamos de líderes humanos, não de heróis. Que se preocupem com o Estado e com o povo. Que tenham como objetivo fazer algo para o bem de todos os cidadãos: investindo em infraestrutura e eliminando a pobreza, por exemplo.

A segurança e as necessidades básicas dependem muito dos seres humanos governantes, não de heróis. Um projeto coletivo que priorize o cidadão e não o automóvel, que combata a corrupção, as mordomias, o abuso do poder econômico e política da aparência.

O nosso Estado espera de nós muito mais que gritos de indignações e palavras de ataque. Estamos no século XXI, um horizonte de esperanças e promessas não cumpridas. 

No ano passado, milhares de brasileiros e brasileiras, a maioria jovens, foram as ruas. Reivindicaram mais educação, mais qualidade de vida.E, principalmente, mais capacidade do Estado em ouvir e respeitar a voz do povo. Os tumultos e a repressão violenta intimidaram a população, que voltou às suas casas. Mas a vontade de participar, opinar e construir outros caminhos, essa permanece e vai gerar novas ações no futuro próximo.

Agora que se avizinham as eleições, é hora de se abrirem as mentes e os olhos dos dirigentes dos partidos e das lideranças para a vontade do povo em mudar a política tradicional. É hora de começar, na prática, a reforma política tão desejada. É hora de construir as soluções a partir de projetos coletivos, ouvindo o povo, colocando os desejos e as necessidades da cidadania e de cada cidadão em primeiro lugar.

"Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma Universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu". (Darcy Ribeiro)

VICENTE VUOLO é economista e servidor do Senado Federal





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