Opinião Quinta-Feira, 12 de Fevereiro de 2015, 11h:00 | Atualizado:

Quinta-Feira, 12 de Fevereiro de 2015, 11h:00 | Atualizado:

Onofre Ribeiro

Social versus econômico

 

Onofre Ribeiro

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Numa longa conversa nesta semana com o secretário de agricultura familiar do governo estadual, Suelme Evangelista, resgatamos um pouco da filosofia da agricultura familiar dentro do conjunto social e econômico de Mato Grosso. Lembramos o economista Celso Furtado, um dos grandes apóstolos do desenvolvimento nacional e regional do Brasil a partir dos anos 1950. Na abertura do documento “Brasil Século XX”, produzido pelo IBGE resumindo todas as mudanças ocorridas no país ao longo do século, Celso Furtado deu uma entrevista admirável. Quem desejar ler, abra no Google “Brasil Século XX”, e và à página 11, onde está a entrevista lúcida e muito abrangente das questões sociais brasileiras do século passado e as heranças que entraram no século 21.

Oportuno lembrar quando Celso Furtado estabelece duas agendas para o desenvolvimento brasileiro no século 21. A primeira agenda, a social, diz respeito aos pequenos negócios e à agricultura familiar, responsável pelo abastecimento interno do país. Sem crédito, sem tecnologia e sem assistência técnica, sem inovação e nem qualidade, além da dificuldade enorme de comercializar. Já agenda econômica diz respeito às grandes empresas e ao agronegócio. Tem acesso ao capital, financiamentos, condições técnicas e capacidade associativa ou individual de promover a sua produção, comercialização e exportação necessária à balança de pagamentos do país.

Em Mato Grosso existem perto de 150 mil famílias, ou 750 mil pessoas, vinculadas à agricultura familiar nas condições citadas. Enquanto isso, o estado importa R$ 1 bilhão em produtos hortifrutigrangeiros de outras regiões. O potencial de produção e de elevação social dessas pessoas é enorme. Porém, não existe a agenda social para apoiá-los. Já o agronegócio não gera impostos diretos de ICMS, mas gera um movimento econômico e financeiro com impostos indiretos diluídos dentro da cadeia da sua produção.

Não precisa de outros apoios. Gera grandes custos quando requer estradas, educação, segurança e saúde, com seu peso político, onerando os recursos públicos. Seu papel é relevante, assim como o da agenda social. Falta o mínimo de projetos para ela. Empresas de assistência técnica como a Empaer não atendem. Havia a Empresa Mato-Grossense de Pesquisa Agropecuária-EMPA, e a Cia. De Desenvolvimento Agrícola- Codeagri, ambas extintas e sem substituição.

O agronegócio e a agricultura familiar, ao contrário do tratamento hoje existente, não precisam ser rivais, porque são complementares. Falta apenas adequá-las à realidade.

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

[email protected]  www.onofreribeiro.com.br

 





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Comentários (1)

  • antonio carlos

    Quinta-Feira, 12 de Fevereiro de 2015, 22h45
  • Vai aí Onofre, chovendo no molhado! Falou o que todo mundo sabe. Nem precisaria se valer do Celso Furtado!
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