Meus amigos, meus inimigos: a gente está vendo a falta de rumo na direita, em Mato Grosso. De repente, muitos já falam do governo do Zé Pedro Taques como um governo que acabou e só o Zé Pedro não sabe. O governador teria abusado da empáfia, só colhendo tempestades.
Alguns me contam que existe uma articulação “muito forte” na busca de uma “chapa de consenso”, que seria uma articulação tipo Frankenstein, que uniria o PMDB de Carlos Bezerra e Emanuel Pinheiro, com o PTB de Chico Galindo, o PP de Ezequiel Fonseca e Pedro Henry, o PR de Wellington Fagundes e tentaria atrair ainda o PSB de Mauro Mendes, e outros partidos menores. Tudo isso na tentativa de isolar o PSDB, do Zé Pedro, Nilson Leitão e Wilson Santos, na disputa do poder, em 2018. Sim, tem gente já considerando o Zé Pedro um walking dead – um cadáver político que caminha não se sabe pra onde.
Mas quando falam em Antônio Joaquim como um nome considerado para encabeçar uma chapa desta coligação Frankenstein, fico estupefato. Depois de sete anos enterrado no Tribunal de Contas, qual o eleitor que ainda se lembra de Antônio Joaquim?
Logo a gente percebe que não existe um projeto político claro. É tudo uma grande arrumação, tentando acomodar os interesses de diferentes caciques políticos, como se isso fosse possível.
Tá certo que o Júlio Campos tá magrinho, envelhecido, esquálido. Mas será que a família Campos não pesa mais nada dentro do grupamento da direita? Tá certo, desde que o João Celestino Corrêa da Costa e seu pai foram envolvidos em escândalo no qual teriam feito parceria com Silval Barbosa, o DEM perdeu um dos seus importantes pensadores, mas que os Campos não estão mortos, o Jayme provocou nesta retomada tão bem articulada, nos bastidores do Judiciário, do poder em Várzea Grande.
Além do mais, estão aí os sojicultores, que emergiram com força na política, nestes últimos anos e, certamente, não vão deixar barato que o poder possa retornar para as mãos de um político dos tempos dantescos, como é o caso do Antônio Joaquim.
Imagino que o Carlos Fávaro, que sucedeu José Geraldo Riva no comando de importante fatia da direita partidária, controlando, em Mato Grosso, o PSD do ministro Kassab sonha, agora, com altos voos – e se Zé Pedro Taques perde espaço e importância, este espaço e esta importância serão disputados, a ferro e fogo, pelos políticos da soja. Afinal de contas, ceder o poder nesta altura do campeonato, pode significar ter que abrir as pernas, logo adiante, para uma nova e exorbitante taxação do agronegócio, que venha a diminuir o percentual de apropriação que esses produtores poderosos operam tão alegremente em Mato Grosso.
Não boto fé em Mauro Mendes, em Blairo Maggi como competentes articuladores políticos. Nunca botei. Vocês viram o que sobrou da Era Maggi. Silval Barbosa preso, Éder Moraes preso, Pedro Nadaf confessando que meteu a mão, Marcel de Cursi dizendo-se inocente, mas engaiolado assim mesmo, o botinudo Luis Antônio Pagot enredado em mil processos. O Vilceu Marchetti debaixo de sete palmos de terra. Como é que Mauro Mendes vai encarar qualquer tipo de campanha com o Alexandre Aprá nos seus calos?
Wellington Fagundes, xingado de ladrão, não reage. É um daqueles políticos que toma a forma do vaso que o contém. Não me parece material muito nobre para servir de base para algum tipo notável de renovação em nossa política partidária.
Sim, olho para esta coligação Frankenstein que estão armando e se renova meu tédio. Essa montanha de especulação, me parece, só pode mesmo parir um rato.
ENOCK CAVALCANTI, jornalista, é editor de cultura do Diário e blogueiro