Opinião Segunda-Feira, 02 de Agosto de 2021, 11h:44 | Atualizado:

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Fernando Dias

Ta osso: o dilema da fome na cidade do agronegócio

 

Fernando Dias

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Uma antítese quase descomunal beira a porta do nosso país, da nossa cidade e do nosso Estado. Como ser o celeiro do mundo em um país repleto de oportunidades naturais, materiais e ter um desenvolvimento econômico tão pífio.? A fome novamente ronda as famílias brasileiras e não adianta culpar governos, isso é muito maior que um governo ou outro, isso é falta de política de ESTADO. Novamente vivemos um momento delicado na economia doméstica, e o Cuiabano começa a se perguntar o quanto esta difícil abastecer, comer, trabalhar e sobreviver. Como explicar isso?

Nesse aspecto, crescimento econômico não significa distribuição de renda e qualidade de vida, isso fica nítido ao comparar o crescimento de um polo agroindustrial do país com uma cidade que vive da atividade pesqueira, pecuária, agricultura como no meu artigo apresentado na UNB, onde fiz essa comparação levando em consideração a teoria endógena de Barquero.

É importante compreender que a pobreza não é um fenômeno meramente econômico e esta associada a desigualdade, porém com conceitos diferentes. A partir das diferentes abordagens sobre o conceito de pobreza,  três concepções foram desenvolvidas no decorrer do século XX: sobrevivência, necessidades básicas e privação relativa.

Dessa forma, atualmente no Brasil, , nesses últimos anos tornaram-se evidentes essas características neoliberais da política social, com relação a ótica de intervenção face às necessidades sociais da população. Há mais de uma década vêm se evidenciando como característica central da política social brasileira sua direção compensatória e seletiva, centrada em situações-limite em termos de sobrevivência e seu direcionamento aos mais pobres (miseráveis), incapazes de competir no mercado. Esse é o legado, a herança dos últimos 10 anos: o legado da subordinação do social ao econômico; o social constrangido pelo econômico; o social refilantropizado, despolitizado, despublicizado e focalizado.

A forma de lidar com a pobreza, passa por um contexto no qual as políticas sociais e especialmente a seguridade social enfrentam profundos paradoxos. Embora de um lado contam com as garantias constitucionais que pressionam o Estado para o reconhecimento de direitos, por outro se inserem nesse contexto de ajuste às configurações da ordem capitalista internacional, com seu caráter regressivo e conservador, que ameaça o direito e a cidadania, trazendo fortemente a questão da meritocracia e com ela a desuniversalização e a "descidadanização".  Muito presente nos países pobres e emergentes como é o nosso caso. Mato Grosso possui um índice de pobreza relativamente baixo em relação aos outros Estados, quando analisamos a pobreza de forma unidimensional, sem levar em conta outras variáveis.

O que fica é a pergunta. Como um Estado como Mato Grosso, considerado o celeiro do mundo, Cuiabá com o maior índice de desenvolvimento humano, pode ter o fantasma da fome rondando? Quais as políticas públicas estão sendo feitas no Estado e em nosso município para sanar a fome e auxiliar na distribuição de renda? Ta osso..... Pessoas há anos comendo ossinhos e outras com banquete com dinheiro público. Como economista, não vejo uma mudança a curto prazo do problema da fome no Brasil. O combate a pobreza não deve ser apenas de cunho monetário....... Devemos preparar nossa sociedade para enxergar a execução das políticas públicas além do crédito.... A fome não espera.

Fernando Henrique da Conceição Dias ([email protected])

 

Economista, Mestrando em Economia pela UFMT, Pós graduando em Gestão de Projetos e Gerente Comercial.

 





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