Opinião Domingo, 25 de Agosto de 2024, 10h:44 | Atualizado:

Domingo, 25 de Agosto de 2024, 10h:44 | Atualizado:

Bruno Casagrande e Silva

Urbanidade e Liderança: o dever de honra na eleição da OAB-MT

 

Bruno Casagrande e Silva

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Bruno Casagrande e Silva

 

As eleições para a presidência da OAB-MT têm se mostrado um momento crucial para a advocacia mato-grossense, pois é nessa ocasião que se define não apenas a liderança da Ordem, mas também os rumos de toda a classe advocatícia do estado. Entretanto, recentemente, um episódio específico levantou reflexões importantes sobre o comportamento esperado dos candidatos e de seus apoiadores durante esse processo.

Uma presidente de subseção, após ponderar sobre o cenário político que se desenhava, decidiu mudar seu apoio de um grupo para outro. Essa decisão, que deveria ser respeitada como parte do livre exercício da escolha política, foi recebida com agressões – verbais e virtuais – e uma postura hostil por parte de alguns engajados na disputa eleitoral. 

Esse comportamento não apenas fere os princípios da ética e do respeito mútuo, mas também nos faz questionar o verdadeiro objetivo daqueles que se colocam à frente de uma disputa tão significativa.

Na advocacia, a urbanidade é um dever que transcende as normas básicas de convivência; é um reflexo da dignidade inerente à nossa profissão, um compromisso deontológico. Cada advogado, independentemente de sua posição ou influência, carrega consigo o compromisso de agir com respeito, moderação e cortesia. 

Esse dever é ainda mais acentuado quando se trata de uma eleição que definirá a liderança da OAB, uma instituição cuja missão é proteger e promover a justiça e os direitos fundamentais.

Comparar uma eleição a um jogo de xadrez pode parecer uma metáfora inusitada, mas ela é esclarecedora. No xadrez, o enxadrista é quem lidera as peças, planejando cada movimento com estratégia e precisão. Assim como o enxadrista que guia seus nobres e cavaleiros no tabuleiro, os candidatos devem agir como líderes que dirigem suas ações com ética e urbanidade, ponderando cada passo para alcançar o objetivo final. 

A vitória, neste contexto, deve ser o objetivo, mas só pode ser alcançada com honra e respeito, não apenas no jogo em si, mas também em relação aos adversários. Não há espaço para movimentos impulsivos ou para a agressividade desmedida; o foco deve estar em vencer de forma digna e respeitosa.

A presidência da OAB não é um troféu a ser conquistado a qualquer custo, tampouco um trampolim para projetos pessoais. É, antes de tudo, um dever de honra que exige dos candidatos um compromisso inabalável com o bem-estar da advocacia e da sociedade. Quando um candidato ou seus apoiadores optam por comportamentos agressivos, eles não apenas desrespeitam seus pares, mas também minam a confiança que a classe deposita na instituição. Tal atitude vai contra a própria essência da advocacia, que é, acima de tudo, a promoção da justiça e a defesa dos direitos.

Para aqueles que almejam a presidência da OAB, é fundamental que compreendam que a eleição não se trata de uma batalha de egos, mas de uma oportunidade de apresentar propostas concretas que possam fortalecer a advocacia no Mato Grosso. Cada discurso, cada ação deve ser pautado pela ética, pelo respeito e pela urbanidade. A verdadeira liderança se revela não no volume das palavras ou na agressividade dos gestos, mas na capacidade de agregar, de ouvir e de promover o diálogo.

Em um momento em que a sociedade observa atentamente os passos da advocacia, é imprescindível que os candidatos demonstrem, através de suas atitudes, o compromisso com os valores que regem a nossa profissão. A OAB-MT precisa de líderes que compreendam que a instituição não é um palco para vaidades pessoais, mas um espaço de construção coletiva, onde cada decisão deve ser tomada em prol do bem comum.

A advocacia sempre foi e sempre será uma profissão de relevância ímpar na luta por uma sociedade mais justa e igualitária. Portanto, a eleição para a presidência da OAB-MT deve ser um reflexo dessa responsabilidade. Que os candidatos, como verdadeiros enxadristas no tabuleiro da advocacia, mantenham o foco em seu objetivo maior: a promoção da justiça e o fortalecimento da nossa classe com dignidade, respeito e urbanidade. Somente assim será possível construir uma Ordem forte, respeitada e capaz de enfrentar os desafios que se apresentam à nossa frente.

Bruno Casagrande e Silva

Advogado. Doutor e Mestre em Direito pela FADISP. Especialista em Direito Processual Civil. Diretor Secretário-Adjunto da ESA/MT. Foi membro do TDP da OAB/MT por três gestões. Professor de cursos de graduação e pós-graduação.





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Comentários (5)

  • Graci Miranda

    Segunda-Feira, 26 de Agosto de 2024, 17h56
  • PRESIDENCIA PRECISA FALAR COM O POVO. OS JORNAIS ficaram ESTAMPADOS DE "Ativo Oculto' ? alguns foram punidos? ou estão livre leve e solto? IMPRENSA fez ECO.
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  • Edmar Roberto Prandini

    Domingo, 25 de Agosto de 2024, 12h17
  • Muito bom artigo por seu conteúdo, além de que possui uma redação de alta qualidade também. Parabéns ao autor, por isso. Aponto, todavia, uma necessidade que, por não ser advogado, não sei de que modo está sendo tratada nas eleições da OAB-MT. Refiro-me ao cenário político, de alta polarização ideológica, em que Mato Grosso ocupou um lugar central, por ocasião dos comboios de apoio aos "acampamentos" só encerrados em consequência dos graves incidentes de 8 de janeiro de 2023, quando desarrazoados manifestantes depredaram as sedes dos três poderes, em Brasília. Aquelas posturas anti-democráticas persistem reverberando, tendo muitos adeptos em Mato Grosso. Então, a OAB local também tem o dever de posicionar-se, para além das questões "interna corporis", no sentido de tornar-se referência na defesa do Estado democrático de direito, preservando as instituições republicanas contra os pretensos demolidores do nosso modelo constitucional. Não cabe, por exemplo, silenciar sobre os embates acerca do uso das redes sociais como replicadoras de fake news, de calúnias e de injúrias, sob a falsa alegação de preservação do direito da liberdade de expressão. Mentir, caluniar e difamar não são liberdade de expressão, mas negação da verdade e/ou crime. A OAB-MT deve posicionar-se decididamente a este respeito.
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  • Carlos

    Domingo, 25 de Agosto de 2024, 11h46
  • Manifestação contraditória, quer dizer que na eleição da OAB vale mentir e trair para poder ganhar ? Conversa fiada, a palavra dele ser honrada em qualquer situação . Por essas e por outras é que a OAB perdeu representatividade.
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  • Carlos Nunes

    Domingo, 25 de Agosto de 2024, 11h33
  • Pois é, a realidade dura, nua e crua é que a situação dos Advogados no Brasil, não tá lá essas coisas. Com referência ao 8 de Janeiro, Advogados reclamaram pra burro...tem um montão de entrevistas, reportagens, etc. sobre isso. Resumo dessa Ópera Tupiniquim: Em 8 de janeiro, um monte de Mulheres foram colocadas em ônibus, sem saber por que nem pra onde iam. Só chegando na Colméia, foi comunicado que táva todo mundo presa. Os homens foram levados pra Papuda. Se fosse comunicado por que e pra onde iam, ninguém entraria em ônibus nenhum. Foi uma pegadinha jurídica, inconstitucional pra burro. Advogados reclamaram que não puderam conversar com os clientes, não puderam acompanhar os Inquéritos, não tiverem acesso às Imagens pra ver o que cada um fez ou não fez. Os supostos crimes não foram individualizados...a tal Presunção da Inocência sumiu, a tal da AMPLA DEFESA foi impedida. Dra. LINDÔRA ARAÚJO alertou que começou um processo de "pesca probatória". Ninguém tinha Foro Privilegiado pra ser julgado pelo Supremo. Tio MÚCIO, ministro da Defesa, em 2 entrevistas, ressaltou que não houve tentativa de Golpe nenhum...mas sim PURO VANDALISMO por parte de alguns. O ex-Ministro MARCO AURÉLIO DE MELLO ratificou essa opinião...No YouTube tem o vídeo: STF não tem competência para julgar ARRUACEIROS do dia 8, diz Marco Aurélio de Mello. Crime de Vandalismo, Arruaça, é diferente de tentativa de Golpe. Processos teriam que começar na Primeira Instância da Justiça Federal. Onde táva a OAB NACIONAL, que não viu as Prerrogativas dos Advogados serem descumpridas? Uma a uma...Nem Defesa presencial no Supremo foi realizada...Só o ex-Desembargador SEBASTIÃO COELHO fez...e também uma Advogada, que chorou e disse que táva com medo do Supremo. SUPREMO virou bicho papão? Dr. SEBASTIÃO chamou os membros de os 11 odiados. E recentemente pediu a prisão do tio Xandão, depois que viu as divulgações do tio GLENN GREENWALD & Folha de São Paulo...e a entrevista do tio Tagliaferro na Revista Oeste. Tudo foi só uma perseguição política contra a Direita brasileira...A turma do "nós derrotamos o Bolsonarismo" agiu? No final, dará pra fazer um filme sobre isso. A situação dos Advogados no Brasil não tá lá essas coisas....a OAB NACIONAL decepcionou os Advogados...O próprio Dr. SEBASTIÃO já disse isso. Esse é corajoso...
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  • Décio Arantes Ferreira

    Domingo, 25 de Agosto de 2024, 11h24
  • Perfeita a análise do Professor Bruno Casagrande. Respeito, coerência e urbanidade e o que se espera dos candidatos à presidência da nobre classe de São Ivo.
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