O bate-papo sobre verdades e mitos na política regional, até por conta do número de e-mails recebidos em razão do texto anterior, foi acrescido de mais uma parte. Adição que também se justifica em razão das disputas acirradas travadas entre UDN e PSD, e estas eram sempre observadas de perto pelo PTB.
Partido que montou toda uma estratégia, cujo propósito lhe pudesse servir, como de fato serviu para construir seu próprio caminho rumo à disputa pela chefia do Executivo estadual; enquanto udenistas e peessedistas protagonizavam brigas eleitorais memoráveis. Inclusive nas disputas pela chefia da administração dos considerados, à época, principais municípios do Estado.
A documentação do período, somada a artigos e noticiários veiculados pelos jornais locais, tidos como oficialmente porta-vozes das agremiações partidárias existentes, conta as ditas brigas e disputas. Não se trata de uma narrativa didática. Ninguém é ingênuo por esperar que fosse. Pois cada periódico, até mesmo por sua função nas eleições, procurava levar a sardinha para seu lado ou, melhor, para o de sua agremiação.
Isto, contudo, não é motivo para o estudioso da política e do jogo político descartar a leitura de seus textos. Estes são riquíssimos. Riquezas, com as quais se podem desfazer assertivas vendidas como “verdades”, a exemplo daquela que atribui à construção da “Ponte da Confusão” - acesso ao “Pito Aceso”, em frente do córrego Prainha, no atual bairro do Baú - como causa única da vitória do Hélio Palma de Arruda (UDN) contra Júlio Müller (PTB) para suceder Garcia Neto na prefeitura de Cuiabá, em 1958.
"Tanto que passou também a ser dita por uma porção de gente, e, por essa razão, encontrada em livros e em trabalhos de mestrado e de doutorado"
História contada repetidas vezes pelos udenistas, em especial pelo próprio saudoso ex-prefeito. Tanto que passou também a ser dita por uma porção de gente, e, por essa razão, encontrada em livros e em trabalhos de mestrado e de doutorado.
“Verdade” facilmente desmontada. Basta que se dedique a pesquisa. Isso porque os eleitores da Capital não se concentravam, em sua maioria, no Baú. Os votantes deste bairro, aliás, se dividiam entre partidários e contrários a família Müller, entre simpatizantes do PSD, do PTB e da UDN.
E isso, por si só, já eliminaria o lenga-lenga de que a briga pela construção da dita ponte, envolvendo o prefeito Garcia Neto (UDN) e o governador João Ponce (PSD), foi decisivo naquela disputa eleitoral. A tal briga ajudou a esquentar os ânimos dos candidatos, nada mais deste pouco. Mas, na verdade, a derrota eleitoral do Júlio Müller se deve a outros fatores, os quais serão até o final do ano narrados em livro, com igual título deste artigo.
Afinal, vitória eleitoral alguma tem por força uma única causa. Ela se deve a um conjunto de fatores. O que descarta, de vez, a assertiva que atribui à eleição do Blairo Maggi, em 2002, para o governo estadual a luta do “novo” contra os “políticos tradicionais” da terra. Mas esta é uma conversa para o próximo domingo. Até lá, então, amigos (e) leitores.
LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista