Rodrigo da Costa Ribeiro, advogado que foi empurrado pelo delegado da Polícia Civil de Mato Grosso, Gustavo Garcia Francisco, durante uma reunião de condomínio no Brasil Beach Home Resort, em Cuiabá, na última terça-feira (17), possui uma extensa ficha policial e acumula um considerável número de processos. FOLHAMAX recebeuu pelo menos oito boletins de ocorrência registrados contra o jurista.
Entre os crime, estão violência contra a própria mãe, ameaça, calúnia, dano, injúria e violência doméstica. Em 2020, a mãe do advogado registrou um boletim de ocorrência na Delegacia Especializada de Defesa da Mulher de Cuiabá, afirmando que o filho constantemente praticava torturas psicológicas com ela, além de xingá-la, chamá-la de Satanás, desrespeitá-la e incomodá-la.
Segundo ela, em uma das ocasiões, ao tentar falar algo com o filho, ele colocou o dedo em seu ombro, virou a mão em seu rosto e pegou em seu olho. A mãe declarou que mandou o filho embora, mas ele respondeu que ela deveria "tomar no **". A vítima alega que, para o suspeito, tudo serve como motivo para discutir com ela.
Também em 2020, a ex-mulher do advogado procurou a Polícia Civil relatando que iniciou o relacionamento com Rodrigo no ano de 2000. Moraram juntos em 2002, mas, após esse período, passaram a morar em casas separadas, mantendo relacionamento.
Em 2009, ela engravidou, terminaram a relação, mas reataram em 2014. Nesse período, ele pagava a escola e o plano de saúde da filha. Em 2017, terminaram definitivamente, mas ele continuou pagando a escola e o plano de saúde da filha.
Contudo, em 2020, Rodrigo parou de pagar a escola, afirmou que não pagaria mais e que nenhum juiz obrigaria ele a pagar. Por esse motivo, a mulher ingressou com uma ação contra o ex.
Após isso, Rodrigo passou a enviar mensagens de texto e áudio para o celular da irmã dela, com acusações e ofensas, incluindo afirmações de que ela estaria oferecendo bebidas alcoólicas à filha, de que ela seria negligente e cometendo alienação parental. Em 2019, o advogado e outro homem foram acusados de invadir um estabelecimento localizado no bairro Jardim Kenedy, em Cuiabá.
Testemunhas no local afirmaram que os dois estavam armados e ameaçaram todos que estavam no estabelecimento. Uma das vítimas declarou que Rodrigo apontou a arma para uma mulher.
As testemunhas disseram que, ao tentarem chamar a polícia, os suspeitos saíram do local em um veículo Corolla de cor prata. Em 2018, um advogado registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil acusando Rodrigo de ameaça.
Segundo ele, a situação aconteceu no presídio do Pascoal Ramos, quando foi falar com alguns clientes. Ao sair do setor de revista, Rodrigo o abordou, questionando por que ele estava lá, alegando que ele era estagiário e só poderia entrar com um advogado, momento em que apresentou sua carteira de advogado.
O homem afirmou que Rodrigo já tinha agido de forma semelhante anteriormente, na 2ª Vara Criminal de Cuiabá, quando insistiu para que ele também mostrasse sua documentação. Logo após, Rodrigo teria saído e o perseguido, dizendo que, se ele queria brigar, dando a entender que poderia estar armado.
O advogado interpretou a atitude de Rodrigo como uma ameaça de morte e disse que ficou assustado com a postura dele. Em 2016, uma mulher procurou a Polícia Civil para denunciar que, no dia 6 de julho daquele ano, o filho – que na época estava preso no Presídio Central (Pascoal Ramos) pelo crime de furto – recebeu uma visita do advogado Rodrigo da Costa Ribeiro, que o teria ameaçado.
A mulher afirmou que o jurista teria dito ao filho: "Você dá jeito de me entregar as informações contidas no disco rígido (memória) do computador que você furtou...você não sabe com quem está mexendo. Sou advogado do Comando Vermelho". No mesmo dia, o filho foi pressionado por outros detentos a entregar as informações solicitadas, conforme consta no boletim.
Por fim, mais recentemente, em 2024, uma mulher denunciou que foi agredida por Rodrigo, seu então namorado, ao pedir para que ela deixasse a residência onde ela residia há cerca de três meses. Ela acionou a Polícia Militar, que a encontrou chorando, se queixando de dor nos rins e apresentando lesões em ambos os braços.
Os policiais foram até o apartamento do advogado, onde ele afirmou que teve um desentendimento com a vítima. Segundo ele, ela se exaltou e danificou o notebook dele. Rodrigo apresentava lesões no tórax, atribuídas a mordidas causadas, segundo ele, pela vítima. Ele foi levado ao plantão da Delegacia da Mulher na ocasião.
Confusão com delegado
O advogado também registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil, fazendo uma série de acusações graves contra o delegado Gustavo. Segundo ele, Gustavo Garcia Francisco, que chegou a assumir a Secretaria de Segurança Pública na gestão do ex-governador Pedro Taques, demonstrou estar "transfigurado de ódio e raiva" durante uma reunião que discutia a instalação de uma auditoria nas contas do condomínio. O advogado afirma que o delegado tentou tumultuar a reunião para impedir a votação da auditoria.
Ele relata que o delegado se dirigiu de forma agressiva a mulheres, apontando o dedo no rosto delas e proferindo ameaças, na presença de várias testemunhas e crianças, que ficaram aterrorizadas com a atitude "descontrolada" do delegado.
De acordo com o boletim, ao questionar a conduta do delegado, o mesmo, de forma descontrolada e em um ato de fúria, o empurrou na frente de todos, acusando-o de pertencer ao Comando Vermelho. O advogado afirma que, por conta da queda, sentiu dores nas costas.
Ele também afirmou que se sentiu ameaçado, pois é morador do condomínio e o delegado costuma andar armado frequentemente.
Por fim, considerou o comportamento do policial extremamente desproporcional, o que o levou a expressar preocupação quanto à possibilidade de o delegado tomar atitudes ainda mais graves no futuro.
O advogado acrescentou que, por causa do histórico de violência, ameaças e comportamento agressivo já demonstrados, ele não tem condições de morar no mesmo condomínio. Por isso, solicitou que Gustavo Garcia Francisco seja afastado do local.
O jurista conclui o boletim afirmando que Gustavo Garcia Francisco, formado em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, já teve passagens pela Polícia Civil do Rio de Janeiro e pela Polícia Federal em Cuiabá. A Polícia Civil informou que a ocorrência de âmbito privado será investigada, para apurar os fatos e as versões apresentadas e comprovação de todas as alegações apresentadas pelas partes envolvidas.