Polícia Quarta-Feira, 13 de Agosto de 2025, 19h:05 | Atualizado:

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Amiga relembra otimismo e alegria de advogada assassinada

 

MARIANA LENZ
Gazeta Digital

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cristiane castrillon

 

“Ela era entusiasmada, uma pessoa que tinha os olhos brilhantes, o sorriso grande. Sempre tinha palavras positivas e animava o ambiente onde passava. Era uma pessoa contagiante”, é como a advogada Cristiane Castrillon da Fonseca Tirloni, 48, e lembrada por uma de suas amigas e por muitos daqueles que a conheceram. Nesta quarta-feira (13), faz dois anos do feminicídio que interrompeu os sonhos e a vida de Cristiane, assassinada pelo ex-policial militar Almir Monteiro dos Reis, em Cuiabá.

Ao GD, a amiga de Cristiane e procuradora do Estado, Glaucia Amaral, relembra que a amizade começou em 2020. Tempos depois, Cristiane perdeu o marido para a covid-19 e passou a criar as duas filhas do casal sozinha. Apesar do luto, manteve a fé em dias melhores e, em seu último ano de vida, se dedicou a fazer cursos de capacitação em Mato Grosso e fora, focando na carreira e na luta pelos mais vulneráveis.

“Ela é, porque eu acredito que o espírito procede, uma pessoa extremamente inteligente, atenciosa, gentil. Sempre me aconselhava porque tinha uma excelente visão de vida. Ela mantinha a fé na vida, a alegria, uma profissional excelente, dedicada, querida, estudiosa, uma pessoa focada em fazer o bem para a família dela e para as pessoas, ao mundo. Ela acreditava que o mundo podia ser melhor. Isso era um ponto marcante na Cristiane”, recorda.

A procuradora conta que Cristiane trabalhou muitos anos para uma instituição prestando serviços jurídicos e atuando em prol de crianças que estavam para adoção ou sob a guarda do Estado devido à violência sofrida. Ela também atuou muitos anos como servidora pública na Secretaria de Assistência Social do Estado.

A procuradora lembra que Cristiane gostava de passeios em família, ir ao cinema e fazia programas com a família voltados ao entretenimento, mas também à cultura. “Ela tinha uma visão surpreendente da vida, de sabedoria em relação à vida, pontos de vista que fazia a gente parar para refletir”, relembra a amiga.

Um dos momentos mais marcantes dos quais se recorda, foi quando, durante um passeio no Parque Mãe Bonifácia, comentou com Cristiane que seu nome era cogitado para presidir a Associação de Procuradores do Estado. Sentadas em um banco, revelou que não iria aceitar o cargo. Contudo, após os conselhos de Cristiane foi convencida a aceitar a vaga e posteriormente chegou a ser vice-presidente da associação nacional. “Isso foi um grande ponto de virada na minha vida e na minha carreira”, descreve.

Quando Cristiane foi morta, Glaucia era presidente do Conselho Estadual da Mulher e da Comissão da Mulher Advogada. Diante do choque da notícia, acompanhou de perto as investigações e o andamento do caso, contudo, por conta do sigilo imposto ao processo, se distanciou.

“Foi extremamente difícil. A morte de uma amiga, dessa forma, em contraste com toda a alegria, a vontade, os planos, a postura de vida, uma morte tão cruel, a interrupção sem sentido nenhum, de uma pessoa que era útil à sociedade, que tinha tanta vida para viver. Nos primeiros dias as perguntas do porquê, mas depois seguindo o que a própria Cristiane acreditava, ela tinha uma missão aqui e ela não gostaria do nosso sofrimento, mas sim de justiça”, comenta.

A palavra que Gláucia define para o que espera a partir de agora é justamente essa: justiça.

“Como amiga, advogada, mas também como cidadã e integrante do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, eu espero a condenação do feminicida. Para mim, não restam dúvidas, mas a gente tem que aguardar o que o júri vai entender. Esperamos uma pena proporcional à morte de uma filha, de uma mãe amorosa, de uma pessoa boa, que era positiva para a sociedade, para o próximo, para quem ela pudesse ajudar”, desabafa.

“A vida da Cristiane foi preciosa para muita gente. Infelizmente, essa visão do homem que pratica o feminicídio é de que a vida da mulher é descartável, como um mero objeto, quando, na verdade, nós estamos tratando de um ser humano. Essa visão distorcida, a sociedade como um todo precisa enfrentar, inclusive com a punição do feminicida, com rigor”, conclui.

A reportagem do GD tentou contato com a família da vítima, mas nenhuma pessoa próxima quis comentar.

O caso

Cristiane foi encontrada morta em 13 de agosto de 2023, dentro de seu carro, no Parque das Águas, em Cuiabá. O acusado pelo crime é o ex-PM Almir Monteiro dos Reis, preso no dia seguinte. O feminicídio da advogada chocou a sociedade pela violência.

Depois de conhecer o assassino em um bar, onde estava com amigos, a vítima seguiu em seu veículo para a casa do agressor, no bairro Santa Amália. Poucas horas depois, foi violentada e asfixiada pelo assassino. Ao constatar que a mulher estava morta, ele a colocou no veículo e dirigiu com o carro até o parque, onde a abandonou. Ela foi achada ao nascer do dia.

Depois de lavar os vestígios de sangue da vítima da residência e colocar a roupa de cama de molho, chamou uma namorada para visitá-lo e com ela passou o dia. No início da noite, foi preso em flagrante na casa e confessou o crime.

Almir dos Reis será julgado pelo Tribunal do Júri, no dia 25 de setembro deste ano, às 9h, no Fórum de Cuiabá.





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