O ex-informante da Polícia Claudionor Rondon de Souza, o “Cláudio”, de 39 anos, foi sentenciado a 15 anos de prisão pelo assassinato do porteiro de boate Charles Araújo Martins, então com 20 anos. A execução ocorreu no dia 6 de setembro de 1996 no bairro Tijucal, cinco meses após o sumiço dos três jovens no chamado “Caso Tijucal em maio daquele ano. O corpo de Charles foi encontrado próximo ao bairro Pascoal Ramos, sendo que parte dele estava carbonizado.
O julgamento ocorreu anteontem pelo Tribunal do Júri da Comarca de Cuiabá presidido pela juíza Mônica Catarina Perri de Siqueira. Cláudio foi julgado a revelia. Além do réu, quatro principais testemunhas não compareceram o julgamento, incluindo a mãe de Charles. Elas não foram encontradas no endereço que aparece no processo.
O ex-informante está com a prisão preventiva decretada e estaria morando em Campo Grande (MS). Até ontem, ele não tinha sido localizado para ser notificado.
No ano seguinte ao assassinato, Claudio ficou 30 dias presos e até então não havia indícios da participação dele. Indiciado, ele respondia pelo crime em liberdade até ter a prisão preventiva decretada em 2007.
Na época do crime falou-se muito numa loira que tomava cerveja com o porteiro. Conhecida como “Loira do Tijucal”, a suspeita nunca foi localizada.
Charles foi a penúltima de uma sequência de execuções iniciadas em maio de 96. Começou com assassinato do adolescente Adriano Barbosa Lima, o "Talinha", 16 anos e, em seguida, o desaparecimento de três jovens do bairro Tijucal, Marcos Henrique Sampaio, 19 anos, Ednelson Soares, 15 anos e Vilmar Fernandes, 15 anos, que ficou conhecido como "Caso Tijucal".
Dias depois, a casa do porteiro, localizada no bairro Nova Esperança, foi cercada por quatro homens armados com metralhadora e escopetas. Segundo a mãe do porteiro em depoimento à polícia, os criminosos estavam à procura de seu filho.
Para que Charles não fosse o próximo, familiares levaram o porteiro para a casa de parentes, em Governador Valadares (MG). Ele retornou em agosto, um mês antes de ser executado.
A namorada dele na época, uma garota então com 16 anos, foi executada com um tiro de revólver na cabeça. O crime aconteceu no dia 1º de janeiro de 97. Revoltados, os familiares de Eliane se mudaram do Tijucal para outro bairro. A namorada de Charles, Eliane Silva, foi morta no mesmo ano. Ela tinha 15 anos na época do crime.
A pena de 15 anos deverá ser cumprida apenas dois anos e meio em regime fechado, após o cumprimento de um sexto. A partir daí, ganha liberdade condicional.