As investigações no âmbito da Operação Ceres, deflagrada pela Delegacia de Roubos e Furtos (Derf), revelaram que a organização criminosa acusada de desviar R$ 12,8 milhões em cargas de cerveja da Ambev também adulterava os lacres das bebidas alcoólicas. Leandro Queiroz Gontijo, dono de uma distribuidora no bairro Renascer, é apontado como um dos líderes do esquema e teve a prisão em flagrante covertida para preventiva nesta quinta-feira.
"Os lacres eram adulterados. Isso foi comprovado através de exames periciais. Com relação ao líquido, a gente ainda não fez uma análise sobre o conteúdo, mas os lacres certamente eram adulterados", informou o delegado Felipe Leoni, durante entrevista coletiva. Durante o cumprimento das ordens judiciais nesta quarta-feira (13), a Polícia Civil apreendeu R$ 1,3 milhão escondidos em uma caixa térmica na distribuidora de bebidas pertencente ao empresário Leandro Queiroz Gontijo.
Ele foi preso em flagrante pelo crime de receptação qualificada. "Esse empresário é proprietário de uma distribuidora que provavelmente é importante na capital, realizando entregas para diversos estabelecimentos e supermercados. Ao todo, 20 pessoas estão sendo investigadas, mas isso é apenas a ponta do iceberg, pois outras pessoas também serão investigadas", acrescentou Leoni.
"Esse proprietário da distribuidora já é conhecido pela polícia. Ele foi preso por receptação qualificada, adulteração de marcas de produtos alimentícios e cervejas adulteradas. Quanto ao dinheiro encontrado, ele não explicou a origem", destacou Felipe Leoni. O inquérito policial instaurado apura os delitos de associação criminosa, lavagem de dinheiro, furto qualificado, receptação qualificada e falsidade ideológica contra uma quadrilha que se associou para desviar bebidas alcoólicas de cinco marcas produzidas pela cervejaria nacional.
A investigação da Polícia Civil iniciou a partir do recebimento de uma denúncia da Associação Brasileira de Combate à Falsificação que apontava desvios frequentes de lotes das marcas Budweiser, Skol, Antártica, Brahma e Stella Artois da fabricante. A Delegacia de Roubos e Furtos da Capital apurou que os desvios eram praticados por funcionários da cervejaria e de duas empresas que prestam serviços de logística à fabricante.
A execução dos crimes contava com a participação de empregados que atuavam nas funções de conferentes, porteiros, motoristas, ajudantes de motorista, carregadores, entre outros. O grupo envolvido desviava mercadorias que eram devolvidas por clientes da cervejaria.
Para isso, era falsificada uma declaração por parte do conferente e do porteiro confirmando a entrada dos lotes de cervejas na fábrica. Em seguida, as cargas das bebidas eram desviadas para os receptadores.
Os lotes de cervejas eram então redirecionados para os receptadores, sendo que um deles era uma distribuidora localizada na Avenida Arquimedes Pereira Lima, no bairro Jardim Renascer. Dois funcionários dessa distribuidora tinham conhecimento do esquema.
Durante o cumprimento dos mandados, também foram apreendidas 68 caixas de cigarros contrabandeados e centenas de engradados de cervejas furtadas. As bebidas ainda estão sendo contabilizadas.
As investigações indicam que os criminosos adulteraram os lacres das cervejas, mas o conteúdo dos produtos ainda não foi analisado.
carlos
Sexta-Feira, 15 de Setembro de 2023, 10h19Cuiabano da Silva
Sexta-Feira, 15 de Setembro de 2023, 06h09