Três policiais militares acusados da morte do tenente do Batalhão de Operações Especiais (Bope) Carlos Henrique Paschiotto Scheifer, em maio de 2017, em Matupá, a 696 km de Cuiabá, serão julgados pelo assassinato após quatro anos.
Lucélio Gomes Jacinto, Joailton Lopes de Amorim e Werney Cavalcante Jovino chegaram a ser presos pelo homicídio, mas atualmente respondem o processo em liberdade. A Polícia Militar abriu um Inquérito Policial (IPM), que já foi concluído e agora tramita o processo de desligamento dos policiais.
O G1 tenta localizar o advogado dos acusados.
O juiz da 11ª Vara Criminal de Cuiabá, Marcos Faleiros, marcou o julgamento para o dia 22 de julho.
Uma investigação da Corregedoria da Polícia Militar apontou que eles inventaram um confronto com ladrões de banco para encobrir a morte de Scheifer.
A ação policial terminou com quatro suspeitos presos e dois mortos, além de outros dois que conseguiram fugir.
As investigações apontaram que os militares cometeram o crime porque queriam evitar que o tenente Carlos Scheifer, que liderava equipe, os denunciasse por desvio de conduta na morte de um dos suspeitos do roubo.
Ao serem ouvidos durante a investigação, eles mantiveram a versão do confronto. Porém, em julho de 2017, um exame de balística revelou que o tiro que matou Scheifer foi disparado pelo cabo Lucélio.
O confronto
Segundo o Ministério Público, os fatos começaram com a perseguição da viatura da polícia, cuja equipe estava sob o comando de Scheifer, a duas caminhonetes em que estavam os suspeitos de um roubo.
Na ocasião, um dos veículos sumiu durante a fuga e o outro perdeu o controle na estrada, quando quatro dos ocupantes já desceram atirando contra os policiais.
A tentativa de prender os assaltantes que, inicialmente, parecia ter sido frustrada, acabou dando certo no dia seguinte com apoio de outros militares que atuavam em cidades próximas.
Um dos veículos foi localizado em um posto de combustível em Matupá e o motorista Agnailton Souza dos Santos foi preso.
Com base nas informações obtidas no interrogatório do acusado, a equipe liderada por Scheifer fez um cerco policial a um imóvel localizado em um bairro de Matupá, para prender outros suspeitos.
A morte
Durante buscas no local do primeiro confronto, o tenente Scheifer foi atingido por disparo de arma de fogo na região do abdômen.
Inicialmente, conforme o Ministério Público, os colegas de farda sustentaram que a vítima havia sido atingida por disparo efetuado por suspeito não identificado, que estaria em meio à mata, do outro lado da rodovia.
Após a realização do laudo pericial ficou comprovado que o projétil alojado no corpo do tenente partiu de um fuzil portado pelo cabo PM Lucélio Gomes Jacinto.
O promotor disse que nenhuma das versões apresentadas pelo autor dos disparos foi plausível.