PMs serão julgados por matar três ladrões de carro em Cuiabá

 

Os policiais militares Clerismar Santos Pereira, André Luiz Ferreira de Souza, Rômulo Vaslav Nijinsky Pinheiro Bicho e Hérico Muller Monteiro Negre —  acusados de terem matado quatro criminosos em 15 de março de 2023, no bairro Santa Laura, em Cuiabá, passarão por audiência de instrução e julgamento em 26 de fevereiro de 2026. Eles são integrantes do Batalhão de Rondas Ostensivas Tática Móvel (Rotam) e viraram réus na ação penal em abril deste ano.

A decisão confirmando a audiência foi publicada pela juíza Helícia Vitti Lourenço, da 12ª Vara Criminal de Cuiabá, nesta semana. Romulo pediu absolvição sumária, mas a juíza não acolheu tal pedido. Conforme os autos, a Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) e os militares respondem pelo crime de homicídio qualificado, com as seguintes qualificadoras: motivo torpe, recurso que dificultou a defesa da vítima e emprego de arma de fogo de uso restrito.

Os quatro criminosos foram mortos numa suposta troca de tiro com os  policiais da Rotam são: Pedro Vinicius Padilha da Silva de Moraes, Joelton Vinicius Alves da Silva, ambos de 20 anos e usuários de tornozeleira eletrônica, Vitor Zidane Gonçalves Tabajara de Campos, de 24 anos, e Andrey Ferreira da Silva, de 23 anos, vulgo Bolinha. Conforme boletim de ocorrência, os criminosos tinham registros por crimes de tráfico de droga, tentativa de homicídio, estupro e posse ilegal de arma de fogo. Pedro Vinícius, tem passagem por crimes de roubo à mão armada e receptação. 

Vitor Zidane tinha registros por lesão corporal, tráfico de drogas, homicídio, roubo a mão armada. Joelton Vinicius respondia por posse irregular de arma de fogo, roubo, receptação, formação de quadrilha ou bando e estupro. 

Andrey Ferreira tinha registro criminal por furto, direção perigosa de veículo, lesão corporal, invasão e roubo. Eles foram mortos após cometer um assalto no bairro Cláudio Marchet, de onde roubaram aparelhos eletrodomésticos e um veículo Onix.

À época, de acordo com a Rotam, uma equipe recebeu informações do crime e durante patrulhamento pela região os policiais visualizaram quatro homens em uma casa. Os bandidos teriam atirado contra os policiais que revidaram com tiros.

Três morreram no local enquanto um foi socorrido em estado grave, mas morreu ao dar entrada no Hospital Municipal de Cuiabá (HMC). A Polícia Militar apreendeu três revólveres e uma pistola usados pelo bando. O Onix foi localizado pelos policiais do 9º Batalhão em outro bairro.

André, Clerismar e Romulo, por meio de seus advogados, responderam às acusações. Cada um apresentou suas defesas e indicou testemunhas. Romulo alegou ter agido por cumprimento de um dever legal e sugeriu que o crime poderia ser um homicídio culposo (sem intenção) e tentou ser absolvido sumariamente, mas sem êxito.

A magistrada  argumentou sobre a necessidade de apresentação de provas. "Seria excessivamente prematuro o encerramento do processo, antes mesmo de viabilizar a dilação probatória sob o crivo do contraditório, eis que os argumentos defensivos não estão amparados em elementos e provas clarividentes nestes autos, o que, portanto, desautoriza o imediato acolhimento do pleito", consta em trecho da decisão.