Os policiais militares envolvidos na morte do deficiente mental Ademar Silva de Oliveira, 19, podem ser indiciados por homicídio doloso (quando há intenção de matar). O inquérito da Polícia Civil está em fase de conclusão e o dele-gado Geraldo Gezoni aguarda o laudo da perícia técnica para finalizar os procedimentos e enca-minhar para o Ministério Público do Estado (MPE). Ademar foi assassi-nado no dia 7 de janeiro durante uma abordagem frustrada da Polícia Militar, na avenida República do Líbano, no bairro Bom Clima, em Cuiabá. Testemunhas afirmam que o 3º sargento Waldemir atirou na vítima que não havia esboçado qualquer reação. A guarnição verifica-va denúncia feita ao Centro Integrado de Ope-rações em Segurança Pública (Ciosp) sobre a existência de um rapaz armado na região. Uma pessoa que presenciou o fato conta que os policiais mandaram Ademar parar e, em seguida, atiraram. O rapaz estava com a mão nas costas na altura da cintura e os poli-ciais entenderam que ele sacaria uma arma. A vítima foi atingida no tórax e, de acordo com o boletim de ocorrência registrado pelos policiais, portava uma faca.Os policiais afirmam ainda que as caracte-rísticas do rapaz coincidiam com as relatadas ao Ciosp. Como Ademar não parou quando a Polícia mandou, foi alvejado. O jovem era deficiente mental e auditivo.As câmeras de segurança de uma empresa da região registraram os fatos. As imagens foram encaminhadas para perícia técnica. O delegado explica que a gravação ocorreu a uma distância longa e pretende confirmar, por meio dos laudos, a dinâmica do crime. Com isso, fazer o indiciamento dos envolvidos. “A inten-ção é con- firmar os depoimentos dos policiais e das tes-temunhas. Existe a possibilidade de indi-ciamento por dolo eventual, mas somente com o laudo posso con-cluir adequadamente o inquérito e tipificar a conduta do policial”.Três policiais aten-deram a ocorrência e além da investigação da Polícia Civil, respondem Inquérito administrativo aberto pela PM. ENTENDA O CASO - Ademar era surdo e apresentava problemas neurológicos desde o nascimento. Ele tomava remédios controla-dos e vivia com a família em uma residência no bairro Bom Clima, próximo ao local do assassinato. No dia da morte, o rapaz saiu para dar uma volta e foi morto pela PM.Os policiais que atenderam a ocorrência afirmam que pediram que Ademar parasse, mas ele reagiu e tentou sacar uma arma.