Até o momento, 36 pessoas já foram presas no âmbito da Operação Fake Farmer da Polícia Civil de Mato Grosso e Goiás, deflagrada na manhã desta terça-feira (24) para desarticular uma organizaç]ao criminosa que aplicava golpes envolvendo a compra e venda de gado com prejuízo estimado em R$ 1,5 milhão. Durante a entrevista coletiva, o delegado Leonardo Dias Pires, da Polícia Civil de Goiás, destacou que os bandidos investigados pela falsa "comercialização de gado" se infiltravam em grupos de WhatsApp do setor agropecuário para capturar as vítimas.
Os criminosos aproveitavam a dificuldade do sinal de internet e enganavam as vítimas fingindo serem do ramo. Maços de dinheiro, que totalizam R$ 106 mil, também foram encontrados dentro de um cofre em um dos endereços investigados pela Fake Farmer.
Durante as investigações, os agentes da Polícia Civil descobriram que um falso intermediário negociou 650 cabeças de gado no valor de R$ 1,5 milhão, que foram pagos em seis transferências via PIX. O criminoso se aproveita da informalidade das negociações de gado e da dificuldade de sinal da internet em algumas áreas rurais para cometer o estelionato.
Segundo o delegado, as vítimas não desconfiavam da ação porque o preço estava dentro da margem de negociação aplicada no mercado. Além disso, o delegado informou que, devido ao alto valor envolvido, os criminosos pulverizavam o dinheiro em diversas contas correntes. Até o momento, foram identificadas mais de 81 transações bancárias envolvendo 20 instituições bancárias. Ao todo, foi determinado o bloqueio de mais de 830 contas bancárias ligadas aos criminosos investigados na operação.
Os criminosos não aplicavam golpes nas vítimas residentes em seus próprios estados, visando dificultar ação policial. As vítimas acreditavam estar comprando gado legítimo e faziam os pagamentos, sem suspeitar da falsa negociação. Todas as seis transferências foram realizadas digitalmente, seja por WhatsApp ou por ligações telefônicas convencionais.
O organograma da associação ainda não foi identificado. Questionado se empresários ou facções criminosas estão por trás da prática, o delegado comentou que as investigações estão em andamento. Por enquanto, foram identificadas 61 pessoas - alvos de busca e apreensão - algumas das quais utilizaram documentos de maneira fraudulenta.
"Estamos reunindo informações e evitando divulgar qualquer informação negativa para não criar um pânico desnecessário. Essas associações criminosas têm experiência nesse tipo de crime. Elas não foram criadas apenas para cometer esse tipo de golpe. Ainda estamos levantando dados para identificar possíveis novas vítimas", disse o delegado de Goiás.