Responsável pela defesa do procurador aposentado Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o advogado João Cunha insinuou que o empresário Filinto Muller, um dos delatores da Operação Sodoma, mentiu durante depoimento à juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado. A suposta falsidade estaria no fato de Muller ter negado a participação da prefeita de Juara e ex-deputada estadual Luciane Bezerra (PSB) no esquema que desviou mais de R$ 15 milhões dos cofres públicos na desapropriação do Bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá.
O esquema criminoso é alvo da quarta fase da Operação Sodoma. De acordo com denúncia do Ministério Público Estadual, a organização criminosa que atuava no Estado, e seria liderada pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB), comprou o terreno pelo valor de R$ 31,7 milhões. O preço, no entanto, teria sido superfaturado e R$ 15,8 milhões teriam sido desviados para o grupo criminoso.
Na tarde desta quinta-feira (20), a juíza Selma Arruda ouviu a delegada Alexandra Fachone, da Delegacia Fazendária, uma das responsáveis por investigar os crimes apurados na quarta fase da Sodoma. Durante o depoimento, o advogado João Cunha insistiu em questionar a delegada sobre os cheques que teriam sido entregues a familiares de Luciene Bezerra, cujos valores seriam oriundos do desvio de verba na desapropriação do bairro da Capital.
Após ser questionada por diversas vezes, a delegada mencionou que havia um inquérito policial sobre o assunto, porém, evitou dar mais detalhes sobre o fato, pois Luciane tem prerrogativa de foro junto ao Tribunal de Justiça, em razão do cargo de prefeita. "Existe um trabalho investigação, mas não podemos dar detalhes por ser sigiloso", limitou-se a dizer.
Nos bastidores, comenta-se que a prefeita de Juara estaria sendo alvo de ação que tramita em sigilo no Tribunal de Justiça de Mato Grosso. Ela é suspeita de ter recebido R$ 700 mil do ex-secretário-chefe da Casa Civil, Pedro Nadaf.
O montante teria sido oriundo de parte do esquema de corrupção no Bairro Jardim Liberdade. Logo após o depoimento, o advogado João Cunha afirmou que havia "caído por terra uma mentira" relacionada à quarta fase da Sodoma. "O que a delegada confirmou é que, de fato, existe uma investigação destinada a apurar o pagamento da suposta propina a essa senhora, por intermédio de uma empresa que naquele momento estava sendo representada, por procuração, por um irmão dessa senhora”, declarou.
Nas investigações, a Polícia Civil descobriu que um cheque da SF Assessoria e Organização de Eventos Eirelli – ME, empresa criada pelo empresário Filinto Muller, foi depositado na conta corrente da empresa J. Lisboa da Hora EPP, de propriedade do empresário Celso Ricardo Azóia que é irmão de Luciane. “A única pergunta que fiz à delegada esclareceu que, na verdade, houve, sim, dinheiro repassado à determinada pessoa ilustre”, completou, referindo-se a Luciane Bezerra.
O responsável pela defesa do procurador aposentado, porém, não quis explicar de que forma a informação da delegada poderia influenciar nos julgamentos referentes à operação. "Eu fiz uma pergunta. Isso é direito do advogado, manter-se sem explicar, a quem quer que seja, não é verdade? Pois eu sou livre para realizar as perguntas que bem entendo. Está dentro dessa liberdade, das defesas, exercitarem e esgotarem todos os assuntos que constam no processo”, comentou.
Ao declarar sobre a “mentira que havia caído por terra”, João Cunha se referia ao que foi dito pelo delator Filinto Muller à Justiça, na última terça-feira (18). Em depoimento à juíza Selma Arruda, o empresário Filinto Muller negou que Luciane Bezerra tivesse participado do esquema.
Ele contou que o então secretário-chefe da Casa Civil, Pedro Nadaf, teria lhe pedido propina de R$ 100 mil para pagar uma "emenda" da então deputada estadual. Porém, Filinto isentou a atual prefeita de Juara e disse que ela não sabia da conversa.
Conforme o depoimento de Filinto, a propina foi entregue a Nadaf, porém o dinheiro teria sido entregue pelo ex-secretário a jornalistas, para que não divulgassem o caso. A declaração do delator contrasta com o que havia sido informado por Pedro Nadaf à Justiça, no ano passado.
O ex-secretário garantiu que usou parte do dinheiro desviado da desapropriação do Jardim Liberdade para pagar uma dívida de R$ 700 mil que o ex-governador Silval Barbosa teria com Luciane Bezerra. Em depoimento, Nadaf assegurou que a ex-deputada tinha conhecimento do esquema criminoso.
OUTRO LADO
Por meio de comunicado, a prefeita de Juara afirmou que está à disposição da Justiça para qualquer tipo de esclarecimento sobre o caso. Ela também afirmou que não tem informações sobre as investigações que estariam sendo realizadas contra ela.
NOTA DE ESCLARECIMENTO
A prefeita do muncípio de Juara, Luciane Bezerra (PSB), reafirma que encontra-se a disposição da justiça pra qualquer tipo de esclarecimentos. Nesta tarde (20/04), seu nome foi citado em reportagens em alguns veículos de comunicação do Estado que acompanhavam o depoimento da delegada Alexandra Fachone, da Delegacia Fazendária (Defaz), para à juíza Selma Arruda, da Sétima Vara Criminal de Cuiabá.
A delegada mencionou que Luciane Bezerra esteja sendo investigada sob sigilo, após o depoimento de Pedro Nadaf no ano passado (2016).
Luciane esclarece que até o momento não tem informações sobre a investigação e que se for chamada para prestar qualquer tipo de esclarecimentos estará a disposição da justiça. Luciane é prefeita de Juara, ex-deputada estadual e esposa do deputado Oscar Bezerra (PSB).
Leo
Sábado, 22 de Abril de 2017, 17h30TaquesTelhadoDeVidro
Sexta-Feira, 21 de Abril de 2017, 21h48Julio Muzzi
Sexta-Feira, 21 de Abril de 2017, 08h42Leitora
Sexta-Feira, 21 de Abril de 2017, 06h54Rafael
Sexta-Feira, 21 de Abril de 2017, 05h05Luis
Sexta-Feira, 21 de Abril de 2017, 00h57Padre
Sexta-Feira, 21 de Abril de 2017, 00h48Lucas
Sexta-Feira, 21 de Abril de 2017, 00h37