O juiz Jefferson Schneider, da Quinta Vara Criminal Federal de Cuiabá, condenou uma dupla de bolsonarista por participação em atos antidemocráticos ocorridos em 21 de novembro de 2022, em Sinop (500 km de Cuiabá). Danilo José Ribeiro de Souza Pinto e Olair Bruno Evangelista foram sentenciados por tentarem queimar uma carreta e, ao tentar praticar o atentado, sequer esperaram o motorista sair do veículo, tendo ameaçado a vítima com armas e outros itens.

Danilo e Olair foram denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF) pelos crimes de constrangimento ilegal, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e incêndio. Segundo o órgão ministerial, a dupla teria participado de bloqueios ilegais na BR-163, na área urbana de Sinop, em novembro de 2022.

O MPF também denunciou Danilo José Ribeiro de Souza Pinto por porte ilegal de arma de fogo de uso permitido. Ele, juntamente com Olair Bruno Evangelista, teria ameaçado o motorista Danilo da Silva Santos. A dupla, utilizando arma de fogo, facão e estilingues, obrigou a vítima a sair de sua carreta, com o objetivo de atear fogo no veículo e bloquear a rodovia. Na somatória, as penas dos dois réus ultrapassam 22 anos de prisão para cumprimento inicial no regime fechado. 

Segundo a denúncia, a dupla atirou substâncias inflamáveis e ateou fogo na carreta enquanto Danilo da Silva Santos ainda estava no interior do veículo. A defesa da dupla alegou a incompetência da Justiça Federal, em razão da inexistência de crimes políticos, entre outras questões preliminares, todas elas negadas pelo magistrado.

Na sentença, o juiz destacou que as acusações contra a dupla foram devidamente comprovadas com o material contido nos autos em relação aos crimes de constrangimento ilegal e incêndio. Foi detalhado ainda que a vítima, em depoimento, narrou com riqueza de detalhes a atuação dos suspeitos. Foi juntado ainda um vídeo gravado pela vítima, onde as imagens mostram os criminosos ateando fogo, cortando uma mangueira e desengatando a carreta.

“Segundo o relato judicial da vítima Danilo da Silva Santos, os criminosos – que, além da arma de fogo, também estariam com estilingue - arremessaram garrafinha com fogo e garrafas de cerveja vazias; cortaram as mangueiras do seu caminhão; desengataram a carreta do cavalinho; e tentaram abrir a porta do caminhão, dizendo que iriam matá-lo, que era para descer e que não era para rodar naquele dia na pista”, diz trecho da sentença.

O juiz detalhou que há evidências nos autos de que os delitos foram motivados pela insatisfação dos acusados com o resultado das últimas eleições presidenciais e a busca por sua reversão de modo antidemocrático, com a adesão dolosa a intentos criminosos de ruptura institucional - difundidos nas movimentações de cunho político que se disseminaram pelo país após o pleito eleitoral.

Danilo José Ribeiro de Souza Pinto foi condenado pelos crimes de incêndio, constrangimento ilegal, atentado contra a segurança de outro meio de transporte, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido. Ele foi sentenciado a uma pena de 12 anos e 8 meses de prisão, em regime fechado, e outros 2 anos e 6 meses de detenção, no semiaberto.

Olair Bruno Evangelista foi sentenciado pelos crimes incêndio, constrangimento ilegal, atentado contra a segurança de outro meio de transporte e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Ele cumprirá uma pena de 2 anos e 6 meses de detenção, no semiaberto, além de 9 anos e 8 meses de prisão, em regime fechado.