Quarta-Feira, 08 de Maio de 2019, 10h:10 | Atualizado:
INVESTIGADO NA BERERÉ
Valter Kobori e Carla Kobori terão 30% dos salários pagos por instituição de ensino bloqueados; valor da dívida não é informado
O empresário Valter José Kobori, que chegou a ser preso em maio de 2018 na 2ª fase da Operação Bereré por fraudes e corrupção em contratos com o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-MT), está sendo processado por um escritório de advocacia de Cuiabá. Além dele, Carla Barcelos Kobori também é ré na ação de execução de dívida.
O valor da dívida, bem como a origem dela, não é informado no processo.
Para quitar o débito, foi determinada penhora de 30% no salário do executivo que é professor no Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC), instituição particular que oferece cursos de MBA, graduações e pós-graduações em vários estados brasileiros.
Em fevereiro deste ano, o juiz Emerson Luis Pereira Cajango, da 3ª Vara Cível de Cuiabá, emitiu o seguinte despacho. “Considerando o teor da certidão de id. 17562988, determino que expeça-se ofício ao IBMEC unidades São Paulo e Brasília, para restringir o percentual mensal de 30% do salário dos executados até que se alcance o montante total devido, devendo ser efetuado o depósito em juízo”.
Conforme a decisão, tanto Valter Kobori como Carla Barcelos Kobori são funcionários na instituição.
No mês passado, José Kobori ingressou, também na 3ª Vara Cível de Cuiabá, com um processo de embargos à execução movida pelo escritório Décio Arantes Advogados Associados. Antes de decidir sobre o assunto, o magistrado mandou notificar as partes para se manifestarem.
“Intime-se a parte embargada para que, em 15 (quinze) dias úteis, manifeste-se acerca dos embargos opostos. Outrossim, proceda-se à retificação do valor da causa no sistema Pje, conforme indicado pela parte embargante”, escreveu Emerson Cajango.
OPERAÇÃO BERERÉ
Em fevereiro de 2018 o Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) deflagrou a Operação Bereré para cumprir mandados de busca e apreensão na Assembleia Legislativa. Conforme o delator do esquema, o ex-presidente do Detran, Teodoro Moreira Lopes, o Doia, esquemas de corrupção na autarquia tiveram início em 2009 com rendimento de pelo menos R$ 1 milhão por mês.
Segundo ele, as empresas FDL Serviços de Registro, Cadastro, Informatização e Certificação (hoje EIG Mercados Ltda) e a Santos Treinamento Ltda teriam sido usadas para lavar dinheiro no esquema.
A EIG Mercados, que tinha José Kobori como diretor presidente, venceu, em 2009 uma licitação para ser a responsável pelos serviços de registro de financiamentos de contratos de veículos no Detran por 20 anos. A empresa recebia por ano cerca de R$ 36 milhões por serviços prestados ao Detran.
José Kobori foi preso em Brasília no dia 9 de maio de 2018 na segunda fase da Operação Bereré, batizada de Bônus. Segundo investigações, o executivo teria recebido mais de R$ 6 milhões da EIG Mercados e transferido às empresas Canal da Peça e JK Capital Consultoria e Assessoria Empresarial Ltda, ambas ligadas a ele. Porém, segundo as investigações, estes valores teriam sido destinados ao ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques.
Ele ganhou liberdade por força de uma liminar concedida em 27 de julho pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em maio de 2018, o Ministério Público Estadual (MPE) denunciou 58 pessoas (incluindo sete deputados estaduais à época) por envolvimento com a organização criminosa que operava o esquema de propina no Detran. Foram imputados a eles os crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e fraude em licitação. Todos viraram réus e seguem respondendo ao processo em liberdade, inclusive José Kobori que já tentou, sem sucesso, trancar a ação no Tribunal de Justiça de Mato Grosso.
Ze Carlos
Quarta-Feira, 08 de Maio de 2019, 15h28andre
Quarta-Feira, 08 de Maio de 2019, 10h42