EP debocha de vereador e leva invertida: "teve coragem em vir de paletó"

 

Troca de farpas, alfinetadas e acusações não faltaram na Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) que ouve o ex-prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) nesta segunda-feira (07) sobre o estacionamento rotativo no Centro Histórico de Cuiabá. Após o emedebista tirar sarro do fato do vereador Felipe Corrêa (PL) não ser advogado e fazer perguntas jurídicas, o parlamentar relembrou o "escândalo do paletó" protagonizado pelo ex-gestor que veio à tona em 2017.

A Câmara Municipal investiga o Estacionamento Rotativo de Cuiabá que teve como a parceria público-privada firmada pela gestão de Pinheiro com a empresa CS Mobi. "Como bom advogado, o senhor tem ciência de que existe uma falha no edital e no contrato e está dizendo que a concessão é administrativa quando que pela lei ela é patrocinada. Minha pergunta fica nisso, contraponha a lei e explique porque essa concessão é administrativa e não patrocinada", pediu Corrêa. 

Ao responder, Emanuel debochou do vereador devido a pergunta técnica. "O senhor é advogado? Não, então está certo. Eu sei que confunde mesmo e vou levar para a boa fé. Não existe cobrança de tarifa, o que cobramos é da prefeitura municipal, apenas colocamos no guarda chuva da PPP. Não é questão de crédito. Tem o vereador Daniel Monteiro aqui para explicar se a prefeitura está quebrada ou não. Eu entreguei melhor do que recebi em 2017", afirmou. 

Quando foi a sua vez de perguntar, Monteiro fez questão de esclarecer que não "é chapéu para estar na cabeça de ninguém" e diz que fez o diagnóstico da dívida de Cuiabá ao entender que o estoque da dívida versus a arrecadação não é um problema. "Isso não se confunde com o fato de haver um desequilíbrio do custo operacional da cidade com a arrecadação mensal. Não tem nada a ver isso", esclareceu. 

Na tréplica, Felipe disse que de fato não é advogado, mas também não tem processos em seu nome nem 23 operações policiais em suas costas, em referência às "batidas" da Polícia Civil e Federal no Palácio Alencastro nos oito anos da gestão do emedebista. Além disso, relembrou o Escândalo do Paletó, no qual Pinheiro ainda deputado estadual, foi flagrado colocando dinheiro nos bolsos de seu paletó. 

"Eu me esforço para ser republicano, não sou advogado, mas também não tenho um monte de acusações nas minhas costas e nem um monte de processo no meu nome. Por fim, parabéns pela coragem de vir de paletó", disparou. O ex-prefeito se reservou a ficar quieto pois, segundo ele, "nem valeria a pena responder". 

Quando foi a vez de Baixinha Giraldelli (SD), ela parabenizou Emanuel pela oratória, mas criticou o fato dele ter usado o carro Ford Maverick como exemplo de veículo de "idosos", porque ela é idosa e tem uma Fiat Strada. A declaração se deve ao fato de que enquanto prefeito, Pinheiro entrou na Justiça para suspender a gratuidade do estacionamento rotativo para esse grupo de pessoas. 

"Quero dar os parabéns porque você é bom na oratória, mas vamos lá, queria saber se você conhecia alguém dessa empresa, alguém que indicou ou se confiou tanto no secretariado. Sobre essa multa de R$ 135 milhões no contrato, você chegou a pelo menos ter noção?", indagou. Ao responder, Emanuel negou que conhecia sequer alguém da empresa, mas afirmou que "sempre sonhou" com a obra no Centro Histórico para acabar com a "ferida" da região.