A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Renúncia e Sonegação Fiscal, em reunião realizada na tarde de hoje (16), ouviu o empresário Alan Zanatta, ex-titular da Secretaria de Estado de Indústria e Comércio, Minas e Energia (antiga Sicme) nos anos de 2013 e 2014. Nesse período, o ex-secretário ainda presidiu o Conselho de Desenvolvimento Empresarial de Mato Grosso (Cedem), órgão responsável pela aprovação de concessão de incentivos fiscais.
Para o presidente da CPI, deputado José Carlos do Pátio (SD), o depoimento de hoje acrescentou pouco aos trabalhos que o grupo vem realizando. “Zanatta estava desinformado ou tentou não repassar informações. Não se lembrou de muitos procedimentos, demonstrando ser uma pessoa alheia e pouco focada no papel que lhe cabia”, resumiu. Segundo ele, os esclarecimentos prestados hoje serão confrontados com os dados levantados pela comissão.
Entre outras irregularidades mencionadas, está a concessão de benefícios para pelo menos 50 empresas de serviço e comércio. “A tônica da política de incentivos foi de estimular o crescimento industrial de Mato Grosso”, esclareceu o deputado Emanuel Pinheiro (PR), após questionar o enquadramento de empresas de transporte.
Alan Zanatta alegou desconhecer a maior parte das irregularidades e disse que todas as resoluções ad referendum emitidas em sua gestão passaram pelo crivo do Cedem. O ex-secretário admitiu, porém, que a antiga Sicme dispunha de poucas condições para o acompanhamento do retorno social proporcionado pelas empresas beneficiadas. “Tínhamos uma equipe técnica muito competente, mas era impossível fazer melhor acompanhamento sem estrutura”, declarou.
O relator geral da CPI, deputado Max Russi, apresentou ao depoente uma relação de empresas que recebem benefícios, embora o relatório da auditoria realizada pela Controladoria-Geral do Estado (CGE) tenha apontado várias falhas, como a ausência de documentos elementares e a falta de estudo sobre o impacto financeiro em processos que continham termos aditivos de prorrogação da concessão de incentivos, assinados por Zanatta. “A Sicme falhou por não ter cobrado a apresentação dos documentos exigidos à época”, afirmou o deputado.
O deputado Wilson Santos (PSDB) questionou o ex-secretário a respeito do Decreto nº 2691, de 29 de dezembro de 2014, que dispõe sobre vistorias de empresas enquadradas no Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (Prodeic). Segundo o parlamentar, das 17 empresas listadas na resolução, assinada por Zanatta, três obtiveram concessão de benefícios de forma irregular.
Os procedimentos de análise e aprovação da concessão de incentivos fiscais para essas três empresas foram realizadas em um único dia, sendo que a tramitação normal de um processo dessa natureza costuma levar cerca de 90 dias. Além disso, a resolução que aprova o enquadramento das empresas no Prodeic, efetivado em 2011, teria sido assinada pelo então secretário da pasta, Pedro Nadaf, ad referendum e sem posterior homologação do Cedem.
Próximas ações – A CPI da Renúncia e Sonegação Fiscal ouvirá, nas próximas semanas, em datas a serem definidas, empresários beneficiados com incentivos fiscais. A comissão aguarda ainda a confirmação do depoimento do ex-governador Blairo Maggi, já convidado, mas que, por ser senador, tem a prerrogativa de escolher a data e o horário para ser ouvido. Constava da pauta da reunião de hoje a oitiva com o ex-governador Silval Barbosa, que será novamente convocado a depor em outra ocasião.
Paulo
Quinta-Feira, 17 de Setembro de 2015, 09h08antonio siqueira de campos
Quinta-Feira, 17 de Setembro de 2015, 08h15antonio carlos
Quinta-Feira, 17 de Setembro de 2015, 06h30