Acusado de ser o responsável por inserir dados falsos em processos judiciais que somam R$ 21 milhões em desvios, o servidor Mauro Ferreira Filho quebrou o silêncio, por meio de seu advogado. Foragido desde 30 de julho, ele nega estar em fuga e diz que deve se apresentar à Polícia Federal, sem dar prazo.
O advogado Geraldo Bahia afirmou que Mauro “não foi localizado em casa”, mas que isso “não significa que ele esteja foragido”. Segundo ele, o servidor está em viagem e, com o retorno, deve se apresentar espontaneamente à PF.
A defesa também disse ter sido surpreendida com a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que determinou a avocação do inquérito. O ofício, assinado pelo ministro Herman Benjamin no dia 29 de julho, foi enviado ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso para que toda a investigação fosse repassada à Corte, inclusive dados brutos e medidas cautelares adotadas.
A operação da Polícia Civil ocorreu no dia seguinte, 30 de julho, já após a comunicação formal da transferência do caso. Com a decisão, o inquérito foi retirado do Núcleo de Inquéritos Policiais do TJMT e redistribuído à Corte Especial do STJ.
O relator agora é o ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, no âmbito do Direito Processual Penal. O caso segue em sigilo.
Servidor efetivo do Tribunal de Justiça de Mato Grosso desde 2000, Mauro atuava no setor de Depósitos Judiciais e é apontado como responsável por alimentar os sistemas internos com dados falsos. Segundo as investigações, ele incluía valores fictícios em processos, muitas vezes antes mesmo de qualquer petição formal ou decisão judicial.
A manobra permitia que alvarás fossem emitidos para o levantamento dos valores indevidos. Pelo menos 17 processos judiciais com o mesmo padrão de fraude foram identificados durante as investigações da Delegacia de Estelionato de Cuiabá.
O esquema era viabilizado por uma rede de advogados, entre eles Wagner Vasconcelos e Melissa Praeiro, do escritório França & Moraes, além de Themis Lessa, que se apresentava como defensor de réus fictícios com procurações forjadas. Seguem presos os advogados João Gustavo Ricci Volpato; Wagner Vasconcelos de Moraes; Themis Lessa da Silva; João Miguel da Costa Neto; Rodrigo Moreira Marinho; Régis Poderoso de Souza; Denise Alonso e Augusto Frederico Ricci Volpato. As ações simulavam execuções antigas e usavam documentos falsificados para induzir o Judiciário ao erro.
Monica
Quarta-Feira, 06 de Agosto de 2025, 12h30Lage
Quarta-Feira, 06 de Agosto de 2025, 11h58