Juiz inocenta 2 empresários de ameaçar funcionários por Bolsonaro em MT

 

O juiz da 19ª Zona Eleitoral de Tangará da Serra (245 Km de Cuiabá), Anderson Gomes Junqueira, absolveu dois empresários que ameaçaram realizar demissões caso o então candidato à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vencesse as eleições de 2022. As ameaças, confirmadas por testemunhas, ocorreram em reuniões fechadas com funcionários na presença de uma professora, candidata a deputada federal no pleito, apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e que foi “pedir voto” nas empresas.

De acordo com uma denúncia do Ministério Público Eleitoral (MPE), os empresários João Carlos Azevedo Introvini e Sávio Alves Gomes Bonfim, responsáveis pela Oeste Veículos e supermercado BIG Master, coagiram e ameaçaram demitir funcionários. Nos autos, testemunhas revelaram que reuniões foram realizadas pelos empresários com a então candidata a deputada federal, Professora Josenai Terra (PTB), apoiadora de Bolsonaro.

Conforme os relatos, não só a ex-candidata fazia ameaças - dizendo que “muitas empresas poderiam fechar” se Lula ganhasse -, como também os próprios donos dos estabelecimentos. “Alguns funcionários chegaram a relatar que estavam com medo de não votar no Bolsonaro no segundo turno, bem como que o dono do estabelecimento relatou aos funcionários que caso o candidato Lula ganhasse, teria que reduzir o número de funcionários e mais algumas pessoas perderiam o emprego”, diz trecho da denúncia.

As provas nos autos, porém, não “sensibilizaram” o juiz da 19ª Zona Eleitoral de Tangará da Serra. “A fala da denunciada Josenai se tratava de uma perspectiva econômica em uma visão macro, caso o candidato ao cargo de presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ganhasse as eleições” , opinou o juiz eleitoral.

Classificando as ameaças como uma “palestra”, Anderson Gomes Junqueira também  comentou que a ex-candidata discursava sobre “voto útil e voto consciente”. Ele também “estranhou” que, os funcionários, diante dos patrões, não se sentiram “coagidos”.

“Nenhuma das testemunhas afirmou que se sentiu coagida, se limitando a informar que ouviram colegas falar sobre”. Ao final da decisão, o juiz da 19ª Zona Eleitoral de Tangará da Serra fez uma “reflexão”, e “lamentou” pessoas que utilizavam “termos como nazista e fascista para denominar um determinado candidato“”.

Anderson Gomes Junqueira, o juiz eleitoral, não comentou, entretanto, o mote de grupos bolsonaristas que trazem os dizeres “Deus, Pátria e Família”, amplamente conhecido e difundido no “campo político” da extrema-direita no Brasil. Ele é adotado pelos integralistas e nazistas brasileiros, inspirados no fascismo italiano, há quase 100 anos, desde a década de 1930.

O MPE ainda pode recorrer da decisão. A professora bolsonarista teve 3.121 votos em 2022 e não se elegeu.