A juíza Célia Regina Vidotti, da Vara Especializada em Ações Coletivas, mandou intimar o Ministério Público Estadual (MPE) para anexar a colaboração premiada do ex-deputado estadual José Geraldo Riva nos autos de um processo de improbidade administrativa ajuizado em 2006. Trata-se de mais uma das diversas ações pedindo bloqueio de contas e devolução de milhões de reais desviados da Assembleia Legislativa por meio de esquemas de corrupção que eram operados na época em que Riva era presidente do Legislativo Estadual.
São processos originados de investigações iniciadas a partir da Operação Arca de Noé, da Polícia Federal (PF) deflagrada em 2002 para desarticular diversas fraudes a licitações envolvendo empresas fantasmas que recebiam dinheiro da Assembleia sem prestar serviços ou fornecer produtos e parte desses valores voltava para Riva que dividia os valores com os demais participantes das fraudes.
No processo em questão, a defesa de José Riva argumenta que as penalidades decorrentes dos fatos narrados foram pactuadas no acordo de colaboração premiada que firmou, homologado pelo Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso. O Ministerio Público pleiteou que fosse solicitado ao TJMT o anexo da colaboração que se refere aos fatos apurados no processo.
Por sua vez, Vidotti esclareceu que o MPE já tem a delação de Riva em mãos, pois ela já foi julgada em outros processos. “É do conhecimento deste Juízo que o requerente tem acesso aos termos da referida colaboração, inclusive, já juntou os documentos em outros feitos. Assim, determino que o requerente seja intimado para, no prazo de vinte (20) dias, juntar aos autos o anexo da colaboração a que se refere este processo”, despachou Vidotti no dia 13 de dezembro de 2021.
Na sequencia, a defesa de José Riva e os outros réus na ação de improbidade, deverá ser intimada para manifestação, no mesmo prazo. “Se os documentos forem juntados de forma sigilosa, antes de intimar os requeridos para manifestação, procedase a devida habilitação e acesso dos patronos dos requeridos, para que não haja nulidade da intimação”, consta no despacho.
O CASO
A delação de José Riva foi homologada em fevereiro de 2020 pelo desembargador Marcos Machado do Tribunal de Justiça de Mato Grosso. O ex-deputado revela detalhes de uma série de esquemas de corrupção que ele chefiou no Legislativo Estadual por vários anos.
Na delação premiada, José Riva afirma que 38 deputados que passaram pela Assembleia Legislativa ao longo dos 20 anos que ele comandou a Casa, receberam propina e valores desviados das verbas somando R$ 175,7 milhões. Porém, segundo ele, nas operações do Gaeco não foram apreendidos documentos e provas contra todos os envolvidos porque parte desses documentos era destruída.
Pelo acordo, o ex-deputado se comprometeu a devolver R$ 92 milhões, parcelado em oito anos. Incluiu ainda um regime fechado diferenciado de pena a ser cumprido em casa, com uso de tornozeleira eletrônica.