MPE manda "depoimento bomba" de cabo ao STJ e cobra desmembramento de inquérito para MT

 

O promotor de Justiça, Alan Sidney do Ó Souza, que acompanha o caso dos grampos telefônicos ilegais em Mato Grosso, afirmou que irá encaminhar o novo depoimento do cabo da Polícia Militar, Gerson Luiz Correa Junior, para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). Segundo ele, toda a investigação que não envolve militares está em tramitação na corte superior pela suspeita de participação do governador Pedro Taques (PSDB) no suposto esquema..

Porém, ele acredita que o caso "descerá" para o Judiciário em Mato Grosso em breve. “O ministro Mauro Campbell avoca toda e qualquer investigação no que concerne a esse período da Grampolândia. Então, penso eu, com risco de estar equivocado que essas informações chegando no âmbito do STJ, onde tramitam o feito do inquérito policial dos fatos que não dizem respeito aos crimes militares, o fatiamento deve ser feito por lá”, explicou.

Segundo o promotor, a possível participação de membros do Ministério Público na prática de “barriga de aluguel”, revelada pelo cabo em seu depoimento, será de competência do Tribunal de Justiça do Estado. Ele, porém, lamentou o foro privilegiado para as autoridades, o que pode atrasar os julgamentos. “O meu sonho é que um dia todos nós, promotores, juízes, desembargadores, deputados federais e estaduais sejam julgados como qualquer cidadão em primeira instância, mas isso é uma ideologia minha”, falou.

Porém, adiantou que a Corregedoria do Ministério Público também poderá investigar a conduta dos promotores do Gaeco citados por Gerson Correa suspeitos de terem cometido "barriga de aluguel". “Vejo que o fato ilícito em tese possa ser uma falta administrativa e, nesse particular, posso pedir para encaminhar para a Corregedoria do Ministério Público para que se apure administrativamente. O eventual crime perpetrado, ou não, por membros do Ministério Público e que isso o STJ deve, ao final, fatiar e devolver ou eles mesmos adotarem as providencias”, frisou.

Alan do Ó colocou que os membros do Gaeco devem ter a responsabilidade de cumprir a lei em toda e qualquer investigação. Adiantou também que eles estão sujeitos as punições em caso de desrespeito.  “A lei é para todos e doa em quem doer. Se houver membros do MP participando dessa situação deve responder na medida da sua culpabilidade com a maior tranquilidade”, pontuou.

Porém, o representante do MPE alertou que Gérson Correa está na condição de réu e pode definir a melhor estratégia de defesa. Inclusive, citou até que o cabo pode até mentir, já que a obrigação de falar a verdade é somente das testemunhas. “Na qualidade de acusado, como já dissemos, ele tem o direito de se defender e dizer o que melhor na sua estratégia de defesa, mas é só um elemento a mais. Veja que o depoimento, ou melhor dizendo, o interrogatório anterior dele já foi encaminhado até o STJ e PGR e esse depoimento também será encaminhado para que lá, com toda constelação probatória eles possam emitir um juízo de valor mais aprofundado a cerca dessa informação trazida por ele”, assinalou.

Em seu depoimento nesta segunda, Gerson Correia acusou promotores do Gaeco de irregularidades em grampos telefônicos. Também denunciou a armação de uma suposta ameaça a juíza aposentada Selma Arruda (PSL), candidata ao Senado, para se grampear o ex-governador Silval Barbosa (sem partido) e o empresário Filadelfo Dias.

Ao final, o militar também comprometeu o ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques. Afirmou que o advogado chegou a lhe propor ajuda financeira duas vezes quando estavam presos no Centro de Custódia de Cuiabá.

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