Padre de SP lamenta medida de Abílio em proibir marmitas para mendigos

 

Conhecido por sua atuação em causas sociais e defesa dos direitos humanos, especialmente em favor de pessoas em situação de rua, migrantes, dependentes químicos e outras populações marginalizada, o padre Júlio Lancellotti lamentou a medida anunciada pelo prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), em suspender o fornecimento de marmitas à população sem-teto da região central da Capital. 

O bolsonarista apresentou, nesta sexta-feira (17), um plano para lidar com a presença de moradores de rua na região central da cidade, além do entorno do Terminal Rodoviário da Capital. Nas redes sociais o sacerdote da Igreja Católica publicou um vídeo e lamentou a mudança. “Triste compreensão da realidade. Prefeito de Cuiabá”, postou. 

As medidas anunciadas visam desestimular a permanência dessas pessoas no local, com a implantação de abordagens sociais e o reforço na segurança pública. Em substituição, a prefeitura pretende intensificar a presença de assistentes sociais no local, com o objetivo de convencer os moradores de rua a buscarem tratamento.

Além disso, Brunini disse que sua proposta de fornecer passagem para tirá-los de lá e mandá-los para onde quiserem ir deverá ser levada à Câmara de Vereadores. Durante campanha eleitoral, ele foi acusado pelo procurador de Justiça, José Antônio Borges, do Ministério Público Estadual por promover aporofobia (aversão aos pobres) em peça publicitária exibida no horário eleitoral gratuito.

Júlio Lancellotti exerce a função de pároco da paróquia de São Miguel Arcanjo, no bairro da Mooca, na cidade de São Paulo. Frequentemente denuncia práticas de "higienização social" promovidas pelo poder público, como remoções forçadas de moradores de rua e ações repressivas realizadas pela Guarda Civil Metropolitana de São Paulo. 

Um episódio marcante ocorreu quando ele quebrou, com uma marreta, blocos de pedras colocados sob viadutos para impedir que pessoas em situação de rua dormissem no local. Devido à sua defesa dos direitos humanos e suas críticas a políticas autoritárias, Padre Júlio se tornou alvo de ameaças e discursos de ódio, inclusive de grupos extremistas, sendo alvo até de ameaças de morte.