A PF (Polícia Federal) deflagrou na manhã desta quinta-feira (22) a “Operação Sem Saída”, que visa desarticular a quadrilha do narcotraficante Luiz Carlos da Rocha, conhecido como "Cabeça Branca" e "embaixador do tráfico".
Uma das pessoas presas pela operação é o empresário Mauro Laurindo da Silva, sócio da Fama Serviços Administrativos, empresa em Mato Grosso investigada pelo suposto pagamento de propina a políticos e que recebeu repasses de doleiros ligados ao traficante. A ação de hoje mira um patrimônio avaliado em R$ 100 milhões.
Cabeça Branca é apontado como um dos maiores traficantes da América do Sul. Mais de cem agentes cumprem mandados de prisão e de busca e apreensão no Paraná e em Mato Grosso.
A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Silva.
A operação desta quarta-feira é um desdobramento das operações Spectrum e Efeito Dominó, que investigam a organização criminosa liderada por Cabeça Branca. Ela foi coordenada pelo Gise (Grupo de Investigações Sensíveis) da PF de Londrina.
Para o delegado Elvis Secco, um dos coordenadores da operação, o foco nas estruturas financeiras do tráfico de drogas deverá ser o padrão durante a gestão do futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.
"Temos a intenção de que [com o novo comando] toda a PF, tanto as unidades especiais quanto as que trabalham com o tráfico de drogas, tenham como modelo as investigações. Direcionar sempre na questão patrimonial", afirmou.
O foco nos crimes de lavagem de dinheiro praticados por facções criminosas foi mencionado por Moro em entrevista coletiva na última terça-feira (20). Cabeça Branca foi preso em 2017 e, desde então, a PF tem concentrado suas investigações na estrutura financeira utilizada pelo traficante para lavar o dinheiro oriundo do comércio de drogas.
De acordo com as investigações, ele fornecia droga produzida no Paraguai e na Bolívia para as principais facções criminosas do país e para o exterior. A operação desta quarta-feira tem como foco as atividades de tráfico e lavagem de dinheiro.
Em maio deste ano, a PF prendeu sete doleiros suspeitos de terem atuado para Cabeça Branca. À época, a PF afirmou que havia fortes indícios de que parte do dinheiro lavado por Cabeça Branca via doleiros poderia ter abastecido o pagamento de propina de políticos.
Foco em empresa suspeita de repassar dinheiro a políticos
A prisão de Mauro Laurindo da Silva foi confirmada ao UOL por uma fonte ligada à investigação. Ele foi preso em Londrina. Em agosto deste ano, a reportagem do UOL adiantou que a empresa havia entrado no radar da PF.
Os investigadores constataram que a empresa recebeu R$ 238 mil em depósitos feitos pelo doleiro Carlos Alexandre da Rocha, o Ceará, a pedido de Cabeça Branca. Desde então, a PF passou a investigar as relações entre o traficante e empresa. A partir de então, a empresa, que já vinha sendo investigada por autoridades locais pela suposta distribuição de propina a políticos de Mato Grosso, passou a ser também alvo de investigações para apurar suas ligações com o narcotráfico.
À época, Laurindo disse que não conhecia os depósitos identificados pela PF e que não tinha relação com Cabeça Branca. A ligação entre Cabeça Branca e o estado de Mato Grosso vai além dos depósitos feitos à Fama Serviços Administrativos. Em abril deste ano, Cabeça Branca foi condenado a cinco anos e dois meses de prisão pelo crime de lavagem de dinheiro praticado para a compra de uma fazenda no interior do estado.
A Fama Serviços Administrativos é uma das investigadas na “Operação Bereré”, que apura fraudes no Detran de Mato Grosso, e também na “Operação Ventríloquo”, responsável por investigar desvio de R$ 9,5 milhões na Assembleia Legislativa. Nos dois casos, ela teria agido para “lavar” os recursos desviados dos cofres públicos.
A PF afirma que o traficante usava propriedades rurais próximas ao Paraguai e à Bolívia para receber a mercadoria em voos clandestinos. Depois de descarregada, a droga era então transportada em caminhões em direção a galpões em São Paulo.
OUTROS ALVOS
O ex-prefeito de Brasnorte, Eudes Tarciso de Aguiar (DEM), e seu irmão Alessandro Rogério de Aguiar, também foram alvos da operação. Proprietários de madeireira na região Médio Norte, eles teriam ajudado “Cabeça Branca” a lavar parte do dinheiro do narcotráfico.
Durante cumprimento de mandado em endereços ligados ao ex-prefeito em Cuiabá, policiais federais descobriram uma “rinha de galo”.
Anselmo
Quinta-Feira, 22 de Novembro de 2018, 14h14Eu ja sabia
Quinta-Feira, 22 de Novembro de 2018, 13h50