Um vídeo gravado na Prefeitura de Juara, a 690 km de Cuiabá, mostra uma simulação de “dança da chuva” feita pelo então chefe de gabinete Antônio José Santana Neto e o secretário municipal de Finanças, José Roberto Pereira Alves. Nas imagens, os servidores aparecerem utilizando adereços tradicionais indígenas, como cocar, arco e flecha.

O conteúdo foi feito no ano passado em "tom de brincadeira", mas circulou nas redes sociais nesta semana e gerou uma repercussão negativa ao município. Para representantes da etnia Apiaká, o ato foi uma forma de “difamação” e “discriminação” contra a cultura e identidade dos povos indígenas.

"Nossa cultura não existe dança da chuva como o vídeo mostra. Achamos uma falta de respeito usar um setor público, onde deveria mostrar o respeito com a população, não para fazer esse tipo de demostração ridícula sem nenhum conhecimento da cultura e costume dos povos indígenas", ressaltou.

Segundo o prefeito Valdinei Holanda Moraes (PRD), diante da repercussão negativa do caso, Antônio José foi exonerado do cargo. Já o secretário de Finanças José Roberto Pereira Alves permanece na função.

“O José Roberto continua trabalhando normal, mas o chefe de gabinete não. Por essa brincadeira perdemos um bom profissional”, disse. O g1 tenta contato com os Antônio e José Roberto.

Dança da chuva

Ao g1, o jesuíta e professor de antropologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Aloir Pacini, explicou que as manifestações culturais dos povos indígenas são interligadas à natureza e aos seus fenômenos, muitas vezes sendo representados em festas, rituais e danças. Entretanto, cada etnia têm particularidades na forma de representar essa ligação, sendo presente de forma distinta.

“As manifestações culturais dos povos indígenas em geral estão interligadas à natureza. São danças que representam aquele momento da natureza”, explicou.