Política Quinta-Feira, 29 de Maio de 2025, 22h:58 | Atualizado:

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MERCENÁRIOS

Preso em MT por matar advogado, coronel chama comparsas de "pedagogos"

STF destaca que bando tem organização empresarial

DIEGO FREDERICI
Da Redação

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Um suposto grupo de mercenários das Forças Armadas, intitulado como “Comando C4”, chamava seus membros de “Pedagogos”. FOLHAMAX teve acesso à decisão do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a deflagração da 7ª fase da Operação Sisamnes nesta quarta-feira (28), da Polícia Federal, que apura as circunstâncias da morte do advogado Roberto Zampieri, assassinado em Cuiabá no fim de 2023.

Conforme a representação, uma “agenda” do coronel reformado do Exército, Etevaldo Caçadini, foi apreendida durante as investigações com informações sobre o “Comando C4”. Caçadini é apontado como líder do grupo, formado por militares reformados e da ativa das Forças Armadas, que também conta com a participação de civis, além de possuir o mote “caça comunistas, corruptos e criminosos”. Nas provas apreendidas contra Caçadini há detalhes sobre a organização administrativa e logística do “Comando C4”, informando, ainda, a contratação dos “Pedagogos”.

“Consta a apreensão de uma agenda em poder de Etevaldo Caçadini, com informações relacionadas ao homicídio de Zampieri e com uma série de menções a situações que são correlacionadas aos eventos que antecederam o homicídio de Zampieri como a uma possível estruturação da organização criminosa. Cito, como exemplo, a menção aos passos para iniciar o trabalho, como verificação de imóvel para a equipe, contratação de stand de tiro, professor de lutas, local para alunos e seleção de ‘Pedagogo’”, revelam as investigações.

A figura do “Pedagogo” não está detalhada na representação ao ministro, podendo ser um instrutor de tiros, caso de Hedilerson Fialho Barbosa, ou de executores, como Antônio Gomes da Silva, apontado como o atirador que matou o advogado. Ambos estão presos pelas suspeitas de participação na execução.

Como citado pela Polícia Federal, o “Comando C4” teria uma estrutura definida altamente organizada, incluindo verificação de imóveis para as “equipes” e até mesmo “local para alunos”, o que sugere um treinamento paramilitar para “caça comunistas, corruptos e criminosos”. A Procuradoria-Geral da República (PGR) chamou a atenção para os “moldes empresariais” da estruturação do suposto grupo paramilitar, formado por membros das Forças Armadas, que vão além da execução do advogado Roberto Zampieri.

“O trabalho policial sinalizou a existência de indícios de maior abrangência da organização criminosa armada para além do homicídio de Roberto Zampieri, com a integração de seus membros em estrutura nos moldes empresariais. Apontou o monitoramento de mais de uma pessoa como possível alvo. Anotou, dentre os documentos apreendidos com Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas, a existência de arquivo intitulado ‘atividades administração, pessoal, material e equipamento’ do ‘Comando C4’, destinado à ‘caça comunistas, corruptos e criminosos’”.

A “agenda” de Etevaldo Caçadini, preso em Cuiabá desde janeiro de 2024, destoa dos demais indícios de atuação do “Comando C4” como um elemento chave das investigações. Conforme a Polícia Federal, há a existência de uma “lista de autoridades” que seriam alvos da suposta organização paramilitar.

Uma “tabela”, com preços de execuções, também constariam nos documentos. A morte de um deputado, por exemplo, custaria R$ 100 mil, seguida pela de senador (R$ 150 mil) e uma categoria descrita como “ministros/judiciário”, no topo dos “serviços”, cujo assassinato seria realizado por R$ 250 mil. “Aqui também há menções a possiveis autoridades de interesse do grupo, a ‘missões’, com discriminação de valores elevados, denotativos, em tese, de possiveis homicídios a serem planejados ou executados”, aponta a Polícia Federal.

O ministro do STF não revelou quem seriam as autoridades que estariam correndo riscos de atentados pelo “Comando C4”. Na representação da Polícia Federal, o ministro Cristiano Zanin determinou as prisões do produtor rural Aníbal Manoel Laurindo - suspeito de ter “encomendado” a morte do advogado em razão de uma disputa judicial de terras em Mato Grosso -, Etevaldo Caçadini, Antônio Gomes da Silva, Hedilerson Barbosa e o sargento do Exército Gilberto Louzada,

 Zanin também determinou o uso de tornozeleira eletrônica contra outros suspeitos, identificados como Salezia Maria Pereira de Oliveira, titular da linha telefônica que recebeu ligações do coronel Caçadini, inclusive no dia da morte de Roberto Zampieri, o especialista em tecnologia da informação, Davidson Esteves Nunes - sócio de Hedilerson na Albcom Sistemas, que também teria contribuído para os crimes, José Geraldo Pinto Filho, que teve conversas com Hedilerson sobre o plano da morte do advogado e Peterson Venites Komel Júnior, o "Ten. Peterson", que comandaria um núcleo do grupo intitulado “Equipe Alpha”.

Em sua decisão, o ministro do STF mostrou preocupação quanto aos suspeitos, a quem denota que possuem um potencial de letalidade “imensurável”, além de advertir que o caso é de “gravidade extrema”. “A letalidade potencial da organização é imensurável, dada sua elevada capacidade operacional e bélica, notadamente porque integrada por agentes que pertencem ou pertenceram às Forças Armadas e que receberam treinamento militar especializado. Assim, a hipótese criminal se reveste de gravidade extrema, a justificar resposta imediata desta Suprema Corte”, advertiu o ministro do STF.

Zanin também justificou as prisões e o uso de tornozeleira eletrônica entendendo haver um risco concreto de fuga, tendo em vista que a “organização pode disponibilizar a seus agentes expertise e meios para ocultação e travessia de fronteira”. As investigações sobre a morte de Roberto Zampieri tiveram início com as suspeitas de um esquema de vendas de sentenças no Poder Judiciário de Mato Grosso que chegou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que também teria se tornado um "balcão de negócios jurídicos".





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